segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quando a moral não tem vez

Marquês de Sade. Para muitos, esse nome é símbolo de tudo o que há de corrupto, sujo e indecente numa pessoa. Para outros, como eu, um exemplo de um homem atemporal, infinitamente a frente de sua época, e por que não, ainda mesmo da época atual. Sua enorme incompreensão até os dias de hoje demonstra isso.

Mesmo muito conhecido, Sade é pouco lido. E muitíssimo menos lido é esse "A Filosofia na Alcova". Neste livro, encontrei o Sade na forma que esperava: um crítico imperdoável e mordaz de valores retrógrados como a religião, a nobreza, o moralismo e todo o pudor hipócrita e besta da sociedade.

Calcando-se em uma prosa atraente e fluida, composta apenas de diálogos, Sade nos mostra como três pervertidos natos tentam - e aos poucos conseguem - converter uma garota ingênua, na flor da idade, numa perfeita meretriz, ou seja, numa puta, destruindo todos os ensinamentos errados que havia recebido de sua mãe.

Através de seus personagens, o Marquês destila os seus pontos de vista, atacando todo o tipo de hipocrisia, seja ela religiosa, moral ou política. Mesmo que em algumas partes ele caia no "discursismo", o Marquês consegue chegar a seu objetivo: destruir todo o tipo de falso ou verdadeiro moralismo que possa existir.

Dedicado aos "voluptuosos de todas as idades e de todos os sexos", como Sade diz em seu prólogo, "A Filosofia na Alcova" posssui diálogos poderosos, o que mantém o livro hilário em sua maior parte. É com maestria que o Marquês consegue destilar todo o seu saudável deboche de forma sadia, e claro, menos pornograficamente impossível.

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