sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como fazer a coisa certa?

Spike Lee, um dos poucos diretores negros, talvez o mais conhecido. Antes de assistir a qualquer um dos seus filmes, sempre ouvi falar que os mesmos eram polêmicos. É ele o responsável por uma adaptação dita polêmica de um dos maiores – pra mim o maior – ícone da luta pelos direitos dos negros nos EUA – Malcon X, sendo o filme homônimo ao seu nome, estrelado por Denzel Wahsington. Entretanto, não é desse filme que falarei, e sim, de “Faça a Coisa Certa”, o primeiro filme que assisti de Spike.

A película retrata um bairro onde mora todo o tipo de gente: negros, coreanos, chineses, italianos, espanhois, mexicanos, e por aí vai. Todos convivem, ou pelo menos tentam, conviver um com o outro cada dia de suas desgraçadas vidas. E no filme vemos apenas 24 horas do dia-a-dia desse bairro, suas amizades, desavenças, amores e ódios.

Como personagens principais, temos o próprio Spike Lee no papel do entregador de pizzas Mookie; o italiano dono da pizzaria - Sal, interpretado por Danny Aiello - e seus dois filhos, Pino – interpretado fabulosamente por John Tuturro – e Vito - interpretado por Richard Edson . O dono e seu filho mais novo não tem problemas com os negros, mas Pino, o filho mais velho, odeia o lugar - e os negros também.

Entretanto, o filme não vive só desses personagens. Pelo contrário, ele é cheio de muitas figuronas, como os três vidas-boas que vivem sentados na esquina falando besteira; o senhor de idade carismático conhecido como Prefeito; o gago que vende fotos de Martin Luther King e Malcon X; um maluco de cabelo esquisito que tenta fazer um boicote à pizzaria; um radialista maluco; a mulher de Mookie, que tem a obrigação de dizer dois palavrões a cada cinco palavras que fala; outro maluco que leva um rádio enorme pela rua sempre com a mesma música, e no último volume. São esses personagens que tornam o filme hilário, simplesmente um dos mais engraçados que vi na minha vida.

Além das atuações e dos seus vários personagens inesquecíveis, a película também se vale muito da direção artística. Com uma bela fotografia, e ótimas tomadas, Spike Lee conduz o filme de forma magistral, sem ao menos um corte. O filme passa como se fosse um foguete, deixando-nos sem fôlego – e sufocados. Spike Lee construiu uma obra criativa, original, polêmica, fluida; com um roteiro excelente, direção ousada, e claro, diálogos geniais e engraçadíssimos.

A atmosfera calorenta, o clima cada vez mais tenso, o aparecimento de cada vez mais adversidades, vai dando-nos a certeza de que algo vai acontecer, de que uma bomba vai explodir e a coisa vai ficar feia. “Faça a Coisa Certa” é um filme que explora muitíssimo bem as diferenças raciais que imperavam – e ainda imperam – nos EUA. Não é apenas um retrato isolado de um país, mas de vários – inclusive o nosso, por que não? “Do The Right Thing” mostra os preconceitos de ambas as classes, não tomando em nenhum momento partido de um dos dois lados.

A solução seria a violência, o caos? Ou seria melhor darmos a outra face, como dizia Martin Luther King? Ou rebatermos a violência, como dizia Malcon X? Ou mesmo achar um meio-termo entre os dois? São essas as dúvidas que o filme levanta. Mais do que um retrato político, “Do The Right Thing” é uma obra-prima do cinema moderno.

Trailer do Filme:

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Primavera para Hitler, 1968


"Hitler era um pintor. Em quatro horas ele pintava uma fachada. Duas mãos!"

"Os Hitlers dançarinos, esperem nos bastidores! Estamos testando os Hitlers cantores".

"E o que você vai cantar?

Você já ouviu o Coral Alemão?

Não.

É o título da canção".


"Se o mundo tivesse flores em vez de fuzis, não haveria mais guerras. Apenas um buquê de pessoas".


Partes de "Primavera para Hitler", um filme engraçadíssimo, com a direção de Mel Brooks, e com Gene Wilder e Zero Mostel no elenco.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Simples e mordaz: Luis Buñuel

"Então, o que é a pátria?
Um conjunto de rios que dão no mar".

Há alguns anos atrás, assisti com espanto e uma boa dose de estranhamento ao primeiro filme do espanhol Luís Buñuel. O filme era "O Anjo Exterminador". Não gostei de tal forma do filme, que até dormi!

Hoje, revi esse filme e tive a oportunidade de me deparar com mais uma bela obra-prima simplista do mestre espanhol. Como em vários de seus filmes, Buñuel coloca a burguesia no plano
principal do filme, com o objetivo de, como sempre, escrachá-la. Mas de uma forma satírica e muito bem-humorada.

"Pobre Leonora. Como está seu câncer? Há esperanças?
Não. Não lhe dou três meses para que fique calma.
E numa boa cova".

Como em "O Discreto Charme da Burguesia", quando os burgueses não conseguiam almoçar; como também em "Esse Obscuro Objeto de Desejo",quando um burguês não conseguia consumar
o ato sexual com sua parceira; em "O Anjo Exterminador", os burgueses, após uma festa, simplesmente não conseguem sair da casa dos anfitriãos. "Alguma coisa" os impede. Mas que "alguma coisa" é essa? Não se sabe. E nem interessa. Afinal, é Luis Buñuel!

O que mais impressiona, além de sua crítica mordaz e burlesca, é a capacidade de como ele consegue fazer algo simplista, de pouca duração e, mesmo assim, excelente. Buñuel mostra,
mais uma vez, que não precisa de grandes atores nem grandes orçamentos para fazer um bom filme. Ele parece ter uma fórmula, e a repete com sucesso a cada filme. E "El Angel Exterminador" é uma das provas mais competentes de sua maestria.

"O que está comendo?
É papel. Não é gostoso, mas engana a fome. (...) O sabor do papel não é desagradável. (...) O papel é bom. É feito com folhas e casca tenra das árvores. Não pode fazer mal".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Quem tem medo de Virgínia Woolf?


"Meu sogro era um homem de Deus. Começou a viajar e ganhou muito dinheiro (...) Morreu com muito dinheiro/ Dinheiro dele ou de Deus?/ Não, dele mesmo./ E o dinheiro de Deus?/ Gastou e economizou o dele (...)

A Martha tem dinheiro porque a segunda mulher do pai dela era uma velha, com verrugas, que era muito rica./ Uma bruxa./ Uma bruxa boa. E casou com o ratinho branco de olhinhos vermelhos. E ele deve ter roído as verrugas dela, porque ela sumiu numa nuvem de fumaça quase imediatamente.
(...)

Talvez... talvez meu sogro devesse ter se juntado com a bruxa verruguenta, porque ele também era um rato. Um rato de igreja!"

domingo, 8 de maio de 2011


Da série "Imagens que assustam":


Regan MacNeil, em "O Exorcista", de William Friedkin

terça-feira, 3 de maio de 2011

Da série "Imagens que assustam":


"Here is Johnny"!

"The Shining", Stanley Kubrick

Os 10 Melhores Filmes de Steven Spielberg


Mesmo superestimado, dito por muitos como o maior diretor que já existiu, eu adoro o Spielberg. Ele foi um caso controverso, pois assisti primeiro os seus piores, e só depois de algum tempo, conferi os melhores. E mesmo quando assistia a esses filmes ruins, tinha a esperança de que ele era um grande diretor e que possuía filmes maravilhosos. Foi o que constatei ao ver "A Lista de Schindler", pra mim, o melhor filme dele disparado e o melhor da Década de 90.

Já assisti a quase 20 filmes - 17, pra ser exato. Tenho a ligeira impressão de que dois têm chances de entrar entre os 10: "Prenda-me se for capaz" e "Munique". Mesmo sem assistir a esses dois, são estes 10 os que considero os melhores:

A Lista de Schindler (The Schindler's List, 1993)
Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders Of The Lost Ark, 1981)
3º Tubarão (Jaws, 1975)
E.T. - O Extraterrestre (E.T., The Extra-Terrestrial, 1982)
Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple Of Doom, 1984)
Contatos Imediatos de Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Thing, 1977)
A Cor Púrpura (The Purple Color, 1985)
Império do Sol (Empire Of The Sun, 1987)
Encurralado (Duel, 1971)
10º O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998)