quinta-feira, 20 de outubro de 2011

And Justice For All (Metallica, 1988)


Sempre há um álbum nas bandas de rock - bandas em geral, pode-se dizer - o qual intitulam de "O Divisor de Águas". Foi assim com os Beatles, em "Sgt. Peppers", com o Queen em "A Night Of the Opera", com o The Who em "Tommy", com o The Clash em "London Calling", e porque não com o Megadeth em "Countdown to Extinction"? Na maioria dos casos, a mudança não é bem vista pelos fãs das bandas. Muitos deixam de acompanhá-las, enquanto outros passam a escutá-las. Foi assim com as bandas citadas e também assim foi com o Metallica, a partir do álbum "And Justice For All", de 1988. Os fãs mais radicais chamaram a banda de vendida. Outros acharam a mudança bem vinda. E ainda outros, que não conheciam a banda, passaram a conhecer e gostar.



Quem se animou e bateu muito a cabeça com o álbum anterior, "Master Of Puppets", clássico definitivo do Trash Metal, esperava que a banda mantivesse a pegada. Muitos acusam o Metallica de ter perdido a pegada nesse álbum. Concordo e discordo. "And Justice for All" não tem a mesma força e garra de "Master", mas mantém uma boa conjunção de peso, melodia e técnica, mistura que a banda vinha ensaiando desde "Kill'Em All". E que, diga-se de passagem, ficou excelente.


"And Justice" possui as mais complexas linhas metallicas. Andamentos ainda mais elaborados, variações constantes tanto de bateria quanto de guitarra, letras mais complexas e organizadas, solos inspiradíssimos - talvez os mais inspirados de todos os álbuns, etc. O peso ainda estava lá, com um acréscimo de melodia. Prova disso é "Blackened", primeira música do álbum e já de cara um porrada no ouvido de qualquer metaleiro. "Blackened" de cara se tornou um clássico metállico, obrigatório em qualquer show da banda. Em seguida, a longa, elaborada e mais calma "And Justice For All", seguida da ótima "Eye of the Beholder", quando, finalmente, chegamos ao ápice, com a metade balada/metade porrada "One". Na minha opinião, "One" é nem mais nem menos a melhor música do Metallica. Com um começo calmo, um refrão nervoso, e final apocalíptico, "One" resume bem o que o Metallica é em termos de música: peso/melodia/técnica. Um excelente trabalho de bateria e guitarra e voz - pois o baixo não se ouve, infelizmente - que arrepia qualquer metaleiro. "One" é perfeita. Simples assim.



Seguido à "One", vêm as também excelentes e complexas "The Shortest Shaw", "Harvester of Sorrow" e "The Frayed Ends Of Sanity". "To Live is To Die" é uma bela composição instrumental, certamente feita em homenagem ao falecido baixista Cliff Burton, que havia morrido num trágico acidente de ônibus enquanto a banda viajava. O álbum fecha com "Dyers Eve", uma verdadeiro arrasa-quarteirão metállico. Com ou sem baixo, infelizmente inaudível durante todo o álbum - alguém pode explicar? Respeito ao Burton? - "And Justice For All" configura certamente como um dos melhores álbuns de Heavy/Trash Metal da história, o que deveria ser normal numa banda como o Metallica. Cheio de peso, ainda sim, com uma pitada a mais de melodia e mais técnica ainda. Um prenúncio para o que chamo de "ápice mettálico", o aclamado - e odiado - "The Black Album".

9/10

Álbum: And Justice For All Ano: 1988 Gênero: Trash Metal/Heavy Metal Componentes: James Hetfield (Guitarra Base e Vocal), Kirk Hammett (Guitarra Solo), Lars Ulrich (Bateria) e James Newsted (Baixo e Backing Vocal)



Adendo: como fã de heavy metal, acho ridículo o fato de se deixar de gostar de uma banda pelo simples motivo da mesma arregimentar outras influências e modificar o seu som. Mal de alguns metaleiros, que querem porrada, porrada e porrada. Não só de porrada vive o heavy metal.

Entretanto, concordo com quem crucifica o Metallica por causa de "Load", "Reload" e, pra completar de vez, "St Anger". Isso não foi mudar o som, foi se vender. Nesse ponto eu concordo em gênero, número e grau. Mas isso é assunto para outro post.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Master Of Puppets, Metallica (1986)


"Soldadinho, feito de argila
Agora, uma carapaça vazia
Idade: 21, filho único,
Mas ele nos serviu bem
Nasceu para matar, não para dar a mínima
Faça igual ao que nós mandarmos,
Terminado aqui, Conheça a morte
Ele é seu, você pode levar embora".

"Disposable Horoes", Metallica

Toda banda deseja realizar um álbum que no futuro pense e diga: "Aquilo foi a melhor coisa que a gente já fez". Ou, mais ainda: "Aquilo foi perfeito. Não posso ultrapassar". Bandas como o Metallica podem dizer isso. "Master of Puppets", terceiro álbum da banda, é o que existe de melhor no trash metal. Ninguém fez ou fará um álbum melhor que este na história do trash metal. Alguns mais otimistas dizem que na história não só do trash, mas do heavy em geral.


"Master of Puppets" nasceu da união do peso de "Kill' Em All" e da técnica de "Ride the Lightning". Já em seu terceiro petardo, a banda já sabia perfeitamente a que viera ao mundo: para recheá-lo de peso, fúria e técnica, e de quebra, com letras fortes e otimamente escritas. Assim como "Ride" falava de morte, "Master" fala de dominação - a começar pelo título, que, traduzido, fica "Mestre dos Fantoches". E a dominação começa pela agressão, com "Battery", primeira música do álbum. Ela começa tranquilamente, ao som do violão, quando termina numa barulheira infernal, um verdadeiro arrasa-quarteirão de estourar o tímpano de qualquer handbanger que se preze.

"Master of Puppets" vem para colocar o caos de vez no álbum. Com um riff poderoso, que acordaria até Lázaro de seu túmulo, "Master" é uma das músicas mais poderosas da história do rock e uma das melhores letras da banda, que fala sobre a dominação de uma pessoa pelas drogas. Ela se torna o seu mestre, e você pode não ter saída. "The Thing Should Not Be" vem para acalmar um pouco os ânimos, falando sobre a dominação pela loucura. "Welcome Home (Sanitarium) fala da dominação do ponto de vista do habitante de um hospício. Ela começa bem tranquila, com viradas mais nervosas, até dar num riff pesado que vai até o final. A música tem um clima estranho, e transmite bem a loucura que tenta passar.


"Disposable Heroes" é daquelas músicas que revoltam. Não por ser ruim, muito pelo contrário, mas pelo seu conteúdo, ajudado pelo peso que externa. A dominação aqui é pela guerra; os soldados, pobres e mortos de fome, garotos, mal saídos da escola, agora matam. Matam por interesses de outros os quais nem têm conhecimento. "Leper Messiah" - literalmente, "O Messias Leproso" - , uma das minhas letras favoritas, fala da dominação pela religião. Com um ritmo mais lento, mas mesmo assim pesada, a música destila toda a sua raiva e revolta contra os religiosos mentirosos e farsantes, que usam de um ídolo caduco para cada vez mais extorquir dinheiro das pessoas.


"Orion", a penúltima música do álbum, é instrumental e mostra toda a habilidade do fantástico e finado baixista Cliff Burton. Ela começa com um efeito de pedal de seu baixo, e passa todos os seus 8:28 de duração marcada pela presença de seu baixo. Definitivamente, a melhor composição instrumental da banda. "Damage Inc.", talvez o maior arrasa-quarteirão metallico, vem para destruir tudo e não deixar nada em pé. Com uma letra forte, que fala sobre a dominação pelo trabalho exaustivo e que paga uma miséria, "Damage" é pra você banguear, banguear e banguear. E se puder, bata a cabeça na parede. Essa música é pra te deixar louco.


"Master of Puppets" é um álbum de uma banda em seu ápice e no auge de sua forma. Considerado pelos fãs mais xiitas como o "último álbum do Metallica", "Master" é um divisor de águas da banda, que já em "And Justice for All" iria para um lado mais calmo, que seria finalizado em "The Black Album". Discordâncias à parte, só é preciso dizer três coisas de "Master of Puppets": um, é o melhor álbum de trash metal da história; dois, é um dos cinco melhores álbuns de heavy metal; três, é o auge de uma banda como o Metallica. Acho que só pelo terceiro motivo valeria ouvir o álbum. Até porque, quando se trata de Metallica, não se fala de qualquer banda, mas do Metallica. E fim de papo.

Álbum: Master Of Puppets Ano: 1986 Gênero: Trash Metal/Speed Metal Componentes: James Hetfield (Voz/Guitarra Base)/Lars Ulrich (Bateria)/Kirk Hammet (Guitarra Solo)/Cliff Burton (Baixo)

9,5/10

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ride the Lightning, Metallica (1984)

"Faça aos outros o que eles fizeram a você
Mas em que diabos o mundo está se tornando?

Reduzindo o universo a nada
Guerra nuclear nos fará todos descansar".

Depois da porrada de "Kill' Em All", o Metallica se aperfeiçoou e apresentou um dos melhores álbuns de metal que o mundo já viu. Trazendo ainda a fúria presente em seu primeiro álbum misturada com um pouco mais de melodia, a banda se apresentou melhor ainda. Impressiona como alguns ainda torceram o nariz por causa do violão usado em "Fade to Black" e da diminuição do ritmo. Enfim, existe fanático para tudo.

"Ride the Lightning", gíria usada entre presidiários para designar os condenados à morte na cadeira elétrica - sendo esta a capa do disco - , é o segundo álbum da banda de trash metal americana Metallica. Mantendo a mão pesada para as músicas, mas segurando-a em algumas, o quarteto realizou uma das maiores obras-primas do rock pesado. E isso já se mostra desde a primeira música, "Fight Fire With Fire", que começa lenta mas toma um ritmo pesadíssimo, alucinado, de enlouquecer qualquer um. A letra fala dos perigos da guerra nuclear. Logo depois, vem a música título, "Ride the Lightning", mais calma e que relata o desespero de um condenado à morte pela cadeira elétrica. "For Whom The Bells Tolls", a terceira, foi inspirada no livro homônimo do autor norte-americano Ernest Hemingway. Na minha opinião, ela é uma das melhores e mais magnéticas músicas do Metallica, com um ritmo cadenciado e refrão granchudo.

"Fade to Black", a primeira balada da banda, fala de desespero e suicídio. Muita gente chiou por causa dessa música, adorada pela grande maioria dos fãs - inclusive por mim. Com um ritmo diferente de tudo o que eles haviam feito, "Fade to Black" deveria ser obrigatória em todo show do Metallica. Pena que não é.

A quinta música é "Trapped Under Ice", pesada, acelerada e que também fala de desespero. "Escape" é a seguinte e segura mais a onda do som pesado. Entretanto, "Creeping Death" vem para quebrar tudo sem deixar rastros. A música, certamente uma das dez melhores da banda, baseia-se na narrativa bíblica das pragas lançadas sobre os egípcios, uma das quais cada filho primogênito egípcio morreria. Inspirada numa frase dita pelo baixista Cliff Burton, enquanto viam o filme "Os Dez Mandamentos" - Whoa! It's like creeping death! - "Creeping" é um dos melhores arrasa quarteirões metallicos. O álbum histórico termina com "The Call Of Ktulu", uma fantástica música instrumental inspirada num conto de H.P. Lovecraft, "The Call Of Cthulhu".

"Ride the Lightning" é a mistura perfeita de peso e melodia que o Metallica viria aperfeiçoar tempos mais tardes. Serviu também como um presságio para um dos maiores clássicos do metal, "Master Of Puppets" - para muitos, inclusive Ozzy, o melhor. Certamente um dos vinte melhores álbuns de heavy metal e um dos dez de Trash Metal. É o Metallica em sua melhor forma.

Álbum: Ride the Lightning Ano: 1984 Gênero: Trash Metal/Speed Metal Componentes: James Hetfield (Voz/Guitarra Base)/Lars Ulrich (Bateria)/Kirk Hammet (Guitarra Solo)/Cliff Burton (Baixo)

Machado de Assis após o mergulho nas mesmas águas de Macunaíma

Machado de Assis branco?


Soube esses dias, pela internet, que havia uma propaganda da Caixa Econômica Federal em que aparecia um ator branco interpretando o célebre escritor Machado de Assis, o melhor autor brasileiro de todos os tempos. Como que tendo mergulhado nas mesmas águas que tornaram Macunaíma branco, Machado também se tornara branco. Racismo? Incompetência? Falta de pesquisa? Má caracterização do personagem? De tudo um pouco, digamos assim.

O Brasil, um país que se orgulha e bate no peito ao dizer que é mestiço, na verdade é hipócrita ao máximo. A escravidão acabou há 123 anos, mas as feridas ainda estão bem abertas. Não falo no racismo declarado, pois isso é crime - e mesmo assim ainda há muitos casos de racismo no "país mestiço". Falo do racismo "camuflado", "disfarçado" e "escondido", racismo este muito pior do que aquele que esses mesmos brasileiros adoram apontar, o dos estadunidenses.

Hoje, não se pára um negro ao entrar em algum estabelecimento, mas se olha de forma diferente para ele. Os seguranças deste estabelecimento - muitos deles negros - , vigiam um negro numa loja e passa a dar uma atenção especial à ele. Será que realmente o racismo acabou? Será mesmo que no Brasil há essa igualdade toda que tanto proclamam? Ou a República Federativa do Brasil vende um peixe que não tem?

Não que a propaganda da Caixa tenha sido um ato total de racismo. Penso que é de tão forma costumeiro se colocar atores brancos para interpretarem papeis importantes, por que não representar o autor mais importante do país como um branco também? Até porque, um mulato não poderia ser o escritor mais célebre de um país - mestiço, por essência.

Além da parte racista do comercial - mas compreensível, vinda do Brasil - há a completa falta de informação e pesquisa dos ignorantes que planejaram o comercial. Esperar de uma pessoa comum que ela não saiba que Machado de Assis era negro, tudo bem. Mas de uma organização do nome da Caixa Econômica Federal, um dos órgãos mais importantes do país, ter a incompetência de cometer uma gafe desse quilate? Isso eu não aceito. Na minha opinião, ela deveria se retratar, fazer outro comercial e pedir desculpas.

Enfim, reflexos de um país que se diz mestiço, mas vende um peixe que não tem. Afinal, é o Brasil, não há como ser diferente.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Por que anarquismo?


Hoje em dia é quase impossível encontrar um indivíduo que se declare anarquista. E faço questão de não colocar na conta aqueles punks que leem alguma coisinha na internet, se interessam pelo tema e já se declaram “anarquistas”. Não, esses não. Anarquismo não é matar alguém por causa de oitenta centavos, como dois deles fizeram uma vez; nem sair marcando briguinhas pela internet com skinheads. O nome disso não é anarquismo; é criancice. Os punks antigos, aqueles surgidos na Inglaterra, talvez esses sim se inspirassem no anarquismo.

Tirando os punks de cena, meu intuito é esclarecer a causa, o motivo de eu ser anarquista. Bem, acho que o primeiro é o fato de ser pobre. Quando se é pobre, tem-se uma raiva incompreensível dos ricos, uma raiva que vem de berço e que mantenho até hoje. É como se soubéssemos que estamos da forma que estamos por causa deles – o que é inteiramente verdadeiro. Pensar dessa forma já é um passo para o socialismo. Eu, no auge dos meus quinze anos, já fui um “vermelho”. Dizia-me socialista, sem conhecer muito bem a coisa. Ao estudar melhor, o anarquismo acabou me atraindo mais.

Que fique bem claro, por favor, que sou um completo amador no tema. Gosto de História, tenho livros comprados e lidos sobre o tema, mas não sou sumidade no assunto. Talvez um dia seja. Entretanto, tenho meus pitacos, pois, pois.

Os teóricos anarquistas que mais me atraem são os dois mais famosos: Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon. O primeiro, russo, a quem mais admiro entre todos, foi talvez o mais entusiasta anarquista da história. Lutou nas barricadas e foi conhecido por sua ânsia de destruir. Destruir, acabar com as chamadas “maçãs podres”, para começar novamente uma nova existência, fundada na paz e na harmonia. Bakunin é o que mais me entusiasma, e compartilho com ele muitas de suas opiniões. Mas também gosto bastante do francês Proudhon, um dos primeiros teóricos a se autoproclamar anarquista. Proudhon é mais racional, a meu ver. Foi deputado, mas viu que o sendo, estava se afastando do povo e de seu ideal. Concordo com seu “anarco-comunismo” e penso que a sociedade deveria ser organizada em várias pequenas sociedades, com uns ajudando aos outros; trabalhando não apenas para si, mas para todos. Resumindo, me declaro um anarquista violento, assim como Bakunin, mas que gosta da organização e da racionalidade na hora de organizar as coisas, assim como Proudhon. Ação e Organização.

Utópico? É o que todos me falam. E concordo. O ser humano é um ser desprezível e nojento; já não há mais esperanças para ele. Só pensa em ganhar dinheiro; é egocêntrico e egoísta. Antes, pensava em fazer as pessoas a pelo menos pensarem um pouco sobre o anarquismo. Mas a única coisa que elas diziam era que isso é utópico. Sim, é utópico, mas não impossível. Não acredito num “mundo anarquista”, até porque, parece que o mundo tem andado para trás e as religiões e a ignorância têm tomado as pessoas. Sendo assim, não acredito de forma alguma no ser humano; tornei-me, eu, um egoísta. Nesse ponto, concordo com Max Stirner, outro teórico anarquista, de que cada um deve se conscientizar por si mesmo. A época que o anarquismo chamava a atenção das pessoas já passou há muito tempo. Seu último suspiro foi dado na Revolução Espanhola, quando uma desorganizada resistência anarquista acabou sendo derrotada pelos nazistas e fascistas alemães e italianos. Talvez, o punk dos Anos 70 e a Revolução de 68 tenham dado-lhe alguma esperança, mas esta já está distante desde então.

O que sobra então? Pra mim, pouco importa o anarquismo do outro; importa o meu, importa que eu seja. Farei eu mesmo o meu anarquismo. É óbvio que não sairei por aí soltando bombas ou matando padres – mesmo que vontade não falte. Mas há outra forma egoísta de ser anarquista. E em algum ponto de minha vida acabarei realizando-o.

O conhecimento, estudo e posterior filiação foram decisivos na minha “conversão” ao ateísmo. Também tornaram-me humanista e antipatriota. Contra todo tipo de poder, abuso ou autoridade, assim é o anarquismo. Contra o voto, que a meu ver, não serve para nada. Contra a democracia e também o socialismo, pois ambos não resolveram e continuam não resolvendo o problema do povo. Contra todo e qualquer tipo de religião ou deus, que só sabe subjugar o indivíduo e cegá-lo. Contra todo tipo de vício, que, assim como a religião, aprisiona o indivíduo, servindo de bengala para sua existência. Se me declaro anarquista, quer dizer que penso ser este o melhor e mais seguro modo de se viver. Utopicamente, ou não.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Kill' Em All (Metallica, 1983)

Quando gosto de uma banda, faço questão de sempre fazer posts sobre seus álbuns, do primeiro ao último. Pode-se dizer que ando meio devagar no quesito música, que não tenho falado muito dela, e tenho mesmo é escrito bem mais de cinema e livros. A partir de agora, darei um pouco mais de espaço à música - subtende-se, rock'n roll. Não que o rock seja o único estilo de música que eu goste, mas é o que mais me agrada, disparadamente.
E quanto à bandas, o Metallica é uma das minhas favoritas. Lembro que, há mais ou menos uns seis anos atrás, escutava pela primeira vez o "Black Album". Confesso que achei leve, sem peso - ainda estava na época que só era bom o que era pesado. Pouco tempo depois, quando fui mudando minha mente aos poucos, ouvi novamente o álbum e adorei. Mas não é do "Black Album" que falarei. O assunto agora é "Kill'Em All. o primeiro álbum da banda de trash/heavy metal Metallica.

Todos sabem aquela antiga história de que Dave Mustaine, futuro líder do Megadeth, havia sido expulso da banda em decorrência de seu abuso de álcool e drogas e seu comportamento agressivo, chegando ao ponto de ter caído na porrada com o James Hetfi
eld. Os integrantes também não deixaram barato: levaram Mustaine, de carro, para um lugar no meio do nada e o largaram ali, sozinho, e demitido. O resto da história todo mundo também sabe, pois com isso, Mustaine ficou com sede de vingança, montou o Megadeth, lançou "Killing Is My Business.... And Business Is Good", e vem seguindo até hoje firme e forte.

Anos 80, época do NWOBHM - New Way Of Britsh Heavy Metal - , onde uma nova horda de bandas estava preocupada em fazer barulho, mais barulho que bandas como o Black Sabbath faziam na época. Exemplos desse movimento são o Venom, o Iron Maiden, o Def Leppard , o Saxon, entre outras. O Metallica, influenciado principalmente pelo Maiden, Venom e Motorhead, entrou na onda, colocando mais peso e sujeira em suas composições, retirando sua fúria das músicas punks que também o influenciavam.

Dessa forma, nasceu "Kill' Em All', primeiro álbum da banda, que continha nove músicas. Combinando verdadeiros arrasa-quarteirões como as clássicas "Hit the Lights" - que abre o álbum de forma avassaladora - , "Whiplash" - que todo metaleiro adora, inclusive eu - , "Metal Militia" e a desconhecida "Phantom Lord"; composições mais "calmas", como a obrigatória-em-qualquer-show-da-banda "Seek And Destroy", e a "ex-Mechanix", que havia se transformado em "The Four Horseman"; além de "No Remorse", uma música praticamente esquecida mas que me agrada muito devido à sua junção de peso e habilidade, fórmula esta que o Metallica exploraria de forma melhor em "Ride the Lighthing", seu álbum posterior.

Enfim, "Kill' Em All" - que era para ser chamado "Metal Up Your Ass, modificado por causa da gravadora, que havia achado ofensivo - , é pesado, é técnico, é trash metal old school da melhor qualidade. Alguns fãs xiitas o tacham de "o único álbum do Metallica verdadeiramente trash". Eu, do meu lado, não penso dessa forma. "Kill' Em All" é um ótimo álbum, mas que serviu de aprendizado para que a banda percebesse que não só de peso vivia a música. Composições como "Seek And Destroy", adorada até hoje, comprovam isso. Hetfield e Cia entenderiam isso perfeitamente e iniciariam um processo de "aperfeiçoamento musical", que foi evoluindo até chegar no que considero sua perfeição, o aclamado e odiado "Black Album". Mas até lá, o Metallica teve que andar muito, sofrer uns bons bocados - vide a morte do baixista Cliff Burton - e comer muita poeira. Enquanto isso, o melhor a fazer é ouvir e se deliciar com a porrada perfeita de uma das melhores bandas de rock da história.



Álbum
: Kill' Em All Ano: 1983 Gênero: Trash Metal/Speed Metal Componentes: James Hetfield (Voz/Guitarra Base)/Lars Ulrich (Bateria)/Kirk Hammet (Guitarra Solo)/Cliff Burton (Baixo)

Músicas:

1."Hit the Lights" Hetfield, Ulrich4:17
2."The Four Horsemen" Hetfield, Ulrich, Mustaine7:13
3."Motorbreath" Hetfield3:08
4."Jump in the Fire" Hetfield, Ulrich, Mustaine4:42
5."(Anesthesia) Pulling Teeth (Instrumental)" Burton4:15
6."Whiplash" Hetfield, Ulrich4:10
7."Phantom Lord" Hetfield, Ulrich, Mustaine5:02
8."No Remorse" Hetfield, Ulrich6:26
9."Seek & Destroy" Hetfield, Ulrich6:55
10."Metal Militia" Hetfield, Ulrich, Mustaine5:10


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Do descaso agraciado às universidades


Muitos dos meus amigos sabem que odeio o Brasil. Não tenho a mínima vergonha disso e logo faço questão de explanar minha opinião - mais uma radical, para variar. Podem chamar de infantil ou precipitada, ou mesmo de tosca, mas é minha opinião. Por vários motivos eu não gosto deste país, além de nada me atrair nele. E não vejo a hora de fugir daqui e ir para um lugar beeeem longe. De preferência, para a Finlândia, Suécia, Noruega, o diabo a quatro!

Uma das razões mais fortes é o total, completo e irrestrito descaso com a educação, seja ela a básica, média, técnica ou superior. Seria redundância dizer que o que não faltam são escolas obsoletas, com professores mal pagos e sem as mínimas condições de trabalhar. Parece não haver verba para a educação; parece que ela é o último quesito quando a questão é verbas. É impressionante - talvez não seja mais, de tão acostumados estamos - como a educação é deixada ao esmo; vista como uma coisa - sim, como uma coisa! - que está se melhorando aos poucos. Melhora é a puta que os pariu!

Não vou nem falar das escolas públicas, pois levaria um ano inteiro falando aqui. Vou falar da manifestação na Uerj que aconteceu esses dias. O pessoal queria entrar no próprio Bandejão, que fora construído para eles, no dia da inauguração. Bandejão este que foi conquistado, a muito custo, graças à ocupação dos estudantes da Reitoria da Uerj, em 2008. Mas, e um grande MAS aí, os alunos não puderam entrar. Quem foi convidado? O senhor governador e mais alguns funcionários escolhidos. Uma graça, não? Os estudantes foram reclamar, além dessa proibição, o sucateamento das universidades públicas, o alto preço cobrado - 2 reais para cotista; 3 para não cotista, enquanto em outras é 1 real - , além do corte de verbas para a universidade. Era pra ser uma manifestação pacífica, e coro comeu. O fascista do governador não apareceu, ninguém pôde entrar, os ânimos se exaltaram e os estudantes acabaram saindo na porrada com os seguranças.

Eu não fui; não sabia da manifestação. Até porque estou afastado da faculdade e só soube por meio da internet. Se soubesse, teria ido e não sei se cairia na porrada, mas como ando meio estressado, acabaria entrando no tumulto.

O que se tira disso? O que se tira é o tamanho da falta de consideração que se tem, sempre se teve e sempre se terá com a educação nas terras brasileiras. Ninguém dá a bola pra ela. E pode ter certeza que continuará assim. Os professores continuarão a ganhar mal, as universidades continuarão sucateadas e os políticos continuarão a se gabarem de que a educação está evoluindo. E os bons cidadãos, obviamente, apoiarão e rechaçarão este pessimista aqui. E este pessimista aqui, que não está nem um pouco aí para este país, irá sair. Afinal, não estamos ainda no "Brasil: Ame-o ou Deixe-o"? Que deixe-mo-lo, pois!, que ele não tem jeito.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Recortes Filmográficos - La Dolce Vita (1960)


Filme que concedeu a excomunhão à Federico Fellini - penso que ele não estava pouco se fodendo para isso - , "A Doce Vida" marcou uma "cisão" na filmografia do cineasta: definitivamente, ele havia largado a estética neo-realista que vinha usando até então. "La Dolce Vita" é a prova de um Fellini mais maduro, disposto a usar mais da mente e menos do "social". Mudança esta que receberia um acabamento melhor em "Oito e Meio", seu melhor filme, na minha opinião. De "A Doce Vida" em diante, Fellini produziria o melhor de seu cinema, notavelmente a já citada obra de 63, "Amarcord", "Julieta dos Espíritos", "Satyricon" e "E La Nave Va". Não posso deixar de apontar, é claro, que filmes como "A Estrada da Vida" e "Noites de Cabíria" - ambos estrelados por sua esposa, Giulietta Massina - são clássicos comparáveis a suas melhores obras.


“Veja, estes padres não temem o demônio! Até permitem que eu toque o órgão!”


“No amor, é melhor ser escolhido”.


“No 22, vindo a Roma com meu séquito, passei a noite num castelo assim.

No da minha cunhada, vimos uma criança de vela na mão.

Conte direito, não era uma criança.

Como? Nem era vela”.


“Sua tia é médium?

Não sabe? O marido separou-se porque encontrava sempre fantasmas na cama”.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Extra! Extra! "Para provar não ser gay, padre pede à diocese que meça o seu ânus"

Eu tinha que postar isso!

O padre espanhol Andreas Garcia Torres (na foto, à direita), 46, disse que, para convencer seus superiores da diocese de que não é gay, pediu a eles que medissem o seu ânus “para ver se está dilatado”.

Torres foi afastado de sua paróquia, na cidade de Fuenlabrada, perto de Madri, sob a suspeita de ser homossexual por causa de uma foto que saiu na internet na qual ele e Yannick Delgado (foto), um seminarista de 28 anos de Cuba, estão abraçados sem camisa. A foto foi tirada no ano passado no Santuário de Fátima, Portugal.

Torres afirmou ser vítima de calúnia. “Tenho uma amizade normal com este menino. Este foi o único dia que eu estive com ele. Tiramos uma foto de nós mesmos, sem camisas, e foi isso que deu origem à confusão.”

A diocese de Getafe exigiu que o padre fizesse exames para verificar se tem o vírus HIV e o encaminhou a um tratamento psiquiátrico. "O psiquiatra me perguntou de forma humilhante se os meus pais me tinham estuprado quando era criança ou se eu os tinha visto ter relações sexuais", disse.

O padre afirmou confiar no diagnóstico da medição do ânus porque, segundo ele, trata-se de uma técnica cuja eficácia já foi provada em terapia de pessoas que deixaram de ser gay.

Até que estourasse o escândalo, a comunidade gay
acusava Torres de ser homofóbico porque ele tem textos na internet segundo os quais os homossexuais são "intrinsecamente maus e perversos".

Delgado disse não saber quem colocou a foto na internet. "Ela estava no meu computador, e eu nem sequer a postei no Facebook", disse. Ele considera o padre como "um pai adotivo".

Os fiéis fizeram um abaixo assinado para que Torres volte à paróquia. O padre, que resistiu em entregar a chave da igreja, disse que se queixou diretamente com o Vaticano.

A diocese comunicou que Torres foi afastado por "problemas pastorais".


Torres resistiu em entregar a chave da igreja
Como vi num comentário do post, ele queria mesmo era levar uma boa duma cutucada....... Nada contra se o padre gostava de dar uns amassos - amassos foi o melhor eufemismo que encontrei - com o seminarista? O padre faz a coisa com quem quiser. Só por que é padre não pode? Ah, o celibato............... Interessante como, quando o padre foi denunciado por suspeita de ter um caso com um seminarista, a Igreja logo expulsou o padre. Mas quando são padres que estupram e aliciam crianças, o que a Igreja faz? Esconde? Uma pergunta retórica? Amém.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Meus Sósias Famosos

Além de ter uma quantidade infindável de apelidos - conto-os em quase dez - cada um me compara a um famoso - tirando uma mulher que disse com toda a certeza me conhecer, sendo que não a conhecia; e mais outra, que falou que eu era parecidíssimo com seu filho.

Enfim, essas comparações me vieram à mente hoje, quando uma colega minha me disse, repentinamente, que pareço com Mosca (?) da antiga e já finada novela para crianças "Chiquititas". Bem, essa não foi a primeira vez que fui comparado com algum famoso. Vão aqui os nomes dos que chamo meus "sósias famosos".


Este aqui, para quem não conhece, é Julio Baptista, jogador de vários clubes importantes da Europa, chegando a ser convocado muitas vezes para a seleção brasileira. Talvez pelo fato da minha cor ser parecida com a dele e o corte de cabelo é idêntico, haja algum motivo para quererem me achar parecido. Talvez o formato do rosto, mas nada muito semelhante. Essa semelhança foi abordada por um colega meu e acabou pegando esse apelido por algum tempo.


Este é o Alexandre Pires. Pelos mesmos fatos citados acima, alguns amigos me disseram ser parecido com ele. Também deve ser devido ao corte de cabelo bem baixo, à cor e formato do rosto. Reconheço que talvez seja ele o sósia mais parecido comigo de todos. O mal é que ele é pagodeiro, né? Ser parecido com um pagodeiro; ninguém merece, rs.


Essa foi a segunda semelhança mais absurda que já me apontaram: eu não tenho absolutamente nada a ver com este garoto! Talvez os olhos e a sobrancelha. Fora isso, mais nada! E o garoto tem por apelido "Mosca". Putz, ninguém merece um apelido de "Mosca"! Só minha colega mesmo. Ah, disse que esta foi a segunda, pois a primeira vem a seguir.

A comparação feita a esta pessoa foi a mais canalha, suja e desagradável que me fizeram. Tudo bem que já fui goleiro - e dos bons! -, mas daí me comparar a um assassino, e ainda por cima flamenguista?! Peraí, é muita sacanagem! Tudo bem que ele pegou - e depois matou, tudo indica - aquela modelo, mas mesmo assim, não dá! Fora o fato de que não tenho nada a ver com ele! Mas acontece que um amigo meu reconheceu alguma semelhança, e pronto, acabou caindo no gosto. Felizmente, por pouco tempo. Entretanto, tem gente que lembra até hoje.


Esta foi a comparação que mais me agradou. Primeiro porque ele é um puta piloto; além disso, o piloto pelo qual eu torço na F1. Segundo, dos aqui apresentado, é o mais simpático. Terceiro, pega aquela tal de Nicole Scherzinger, do Pussycat Dolls, que é uma morena muito bonita! Uma pena que apenas um senhor viu essa semelhança. Outros até vêem alguma, mas nada comparado aos outros que coloquei aqui.

Bem, modestamente à parte mais bonito que os outros, este é o Original André:

Com luzes, cone, carro e cara de assustado, este sou eu. Dá pra ver alguma semelhança com as figuras acima?

Psycho, 1960


E este é o prelúdio:



E por favor; NÃO VEJAM O TRAILER DE SEIS MINUTOS!!!! Ele "entrega" boa parte do filme!

A obra prima do terror



Dizer que algum filme é a obra prima de um gênero parece um pouco radical, não é? Sim, eu sou radical, e a maioria das coisas que faço é oito ou oitenta. Além disso, há filmes que possuem seus representantes “máximos”. Por exemplo, “2001: Uma Odisseia no Espaço” é quase unanimidade como melhor filme de ficção cientifica; “O Poderoso Chefão” é indiscutivelmente o melhor filme quando o assunto é máfia; “Cantando na Chuva” é uma sumidade quando se trata de musicais. Assim acontece com “Psicose”, o clássico dos clássicos dos filmes de terror. Um dos mais imitados, parodiados e homenageados da história do cinema.


Psicose” é um dos filmes mais conhecidos e consagrados da sétima arte. Até aquele que não conhece o cinema de perto já ouviu falar do filme. Eu era um desses, e quando o assisti, confesso que fiquei impressionado. Eu já havia visto um filme de Alfred Hitchcock - “Janela Indiscreta” - mas este, apesar de fantástico, não havia me passado o mesmo encanto de “Psicose”. Na verdade, talvez só “Laranja Mecânica” me cause tanto encanto quanto “Psicose”.

Mas deixando para lá os encantos pessoais, “Psycho”, do diretor americano Alfred Hitchcock, foi dirigido em 1960, quando o gênero terror focalizava suas atenções em criaturas não-humanas ou a seres de outro mundo. Uma das características principais e mais marcantes foi o fato de o “monstro” ser uma pessoa, um ser feito de carne e osso, e não um ET ou mesmo monstros como vampiros. E essa é apenas uma das infinitas qualidades do filme. Afinal, se eu fizesse um post apontando todas as características positivas da película, ficaria aqui o dia todo e ainda assim não conseguiria.

“Psicose” conta a história de uma funcionária de uma imobiliária – interpretado por Janet Leigh – que decide fugir com 40 mil dólares pagos por um cliente – o costumeiro “McGuffin dos filmes de Hitch - , que havia comprado uma casa. No caminho da fuga, ela passa por vários obstáculos, até que decide pernoitar num hotel longe de tudo e de todos. Lá, conhece Norman Bates – interpretado por Anthony Perkins, que ficou eternamente marcado pelo personagem – um simpático rapaz que parece ser confiável. Ele é filho da dona do hotel. Esta, parece não gostar nada da estadia da mulher. E essa raiva – ou ciúme – culmina quando a mesma assassina a hóspede enquanto a mesma está tomando seu banho, inocentemente, na cena mais conhecida da história do cinema.

Alfred Hitchcock já era um diretor consagrado quando fez “Psicose”. Falar de sua maestria em colocar a câmera sempre no lugar certo, na riqueza dos detalhes, na escolha certa dos atores, nos diálogos curtos e secos e no andamento fascinante e sem pressa de mostrar o ato seguinte, é meio que redundância. Qualquer fã de cinema se encanta com este filme, que ainda de presente, traz – a meu ver – a melhor trilha sonora da história do cinema. Bernard Herrmann, o maestro dos maestros em quesito trilhas sonoras, simplesmente eternizou o filme com seus violinos torturantes na cena do assassinato. Sua trilha não é marcante apenas nesta cena, mas desde o começo, com seu prelúdio macabro. Já desde o começo, a sua marca é deixada, e se torna impressionante como sua trilha aparece nos momentos precisos – coisa que muitos filmes não conseguem.

Quanto às atuações, Janet Leigh está convincente no papel de Marion; Vera Miles – uma excelente atriz, mas pouco explorada – também não fica para trás, e se sai fantástica no papel da irmã de Marion. E, claro, Anthony Perkins, no papel que o eternizou no cinema, como o doce e simpático Norman Bates, esteve perfeito. Créditos também para Martin Balsam, o detetive Milton Arbogast; e John Gavin, como o amante de Marion.

Influência em 10 de 10 diretores de filmes de terror, “Psicose” é daqueles filmes que, além de ter causado filas quilométricas em todos os cinemas, revolucionou a história do cinema. O gênero do terror nunca foi o mesmo depois deste filme. “Psicose” não tem interesse em chocar o telespectador, mas angustiá-lo, prepará-lo, “amadurá-lo” para as situações principais do filme. Hitchcock disse certa vez que ficou muito feliz com o resultado de sua obra, pois ele não precisa fazer praticamente nada; o filme levaria a atenção do público por si só. Isso é o mais próximo da verdade impossível. “Psycho” prende, talvez mais do que qualquer outro filme, a atenção do espectador de forma angustiante e torturadora. Sabemos que algo de ruim irá acontecer, mas, enquanto o tempo passa, Hitch se diverte, sadicamente, em “enrolar” o espectador , fazê-lo esperar pelo desfecho do filme, o mais impressionante da história do cinema – na minha opinião, é claro.

Depois de tantas qualidades, resta assistir a este filme. Já o vi quatro ou cinco vezes, e o veria toda semana e não cansaria. “Psicose” é desses filmes que merecem estar no panteão das obras mais importantes da história. Seja por sua excelência, seja por seu aspecto revolucionário, é um filme que merece aparecer em qualquer lista de “Melhores Filmes” de qualquer crítico. Assim como “A Regra do Jogo”, “Cidadão Kane”, “O Encouraçado Potemkin”, o mundo do cinema nunca foi o mesmo depois de “Psicose”. Melhor parar por aqui, pois me estenderei ainda mais e não conseguirei acabar esse post. Tornando minhas as palavras de Janet Leigh, ela explicará melhor do que ninguém as razões pelas quais “Psicose” é um clássico do cinema:

O brilhantismo de “Psicose” está no fato de que faz com que a imaginação das pessoas aflore. Hoje, você não usa sua imaginação, eles te mostram tudo. Eu acho que os novos filmes de terror não são tão bons. Sua imaginação é muito mais forte do que qualquer coisas que se possa mostrar graficamente”.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

65 Anos de Freddie Mercury

Talvez um dos dez melhores vocalistas de rock de todos os tempos, se fosse vivo, o senhor Farrokh Bulsara - melhor conhecido como Freddie Mercury -, estaria completando 65 anos. Integrante mais notório da banda de rock Queen, foi muito conhecido nos Anos 80 não apenas pela sua excelente e magnética voz que levantava multidões, mas também por seu estrelismo - normal para um "divo".

Eis aqui algumas das lembranças que ficamos desta inesquecível figura não só do rock'n roll, mas da música mundial em geral:

Bohemian Rhapsody, na minha opinião a melhor música do Queen e uma das melhores da história da música.


We Will Rock You, merece a morte quem não conhece essa música!


We Are the Champions, uma homenagem de Freddie a seus fãs.


I Want it All, uma música mais heavy metal do Queen, numa volta às origens.


Death on Two Legs, pouco conhecida, com uma pegada mais pesada. Uma das minhas favoritas.


Love of My Life, pois sem essa música, a lista não seria completa.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ateus Famosos


Músicos


Brian Eno
Caetano Veloso
Chico Buarque
Dave Lombardo, baterista da banda de heavy metal Slayer
David Bowie
David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd
Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam
Greg Graffin, vocalista do grupo de punk rock Bad Religion, e formado em Biologia.
James Hetfield, vocalista do Metallica.
Jaeff Hanneman, vocalista do Slayer.
Jello Biafra, vocalista do Dead Kennedys, um dos expoentes do hardcore.
Jim Reid, vocalista do Jesus and Mary Chains
Lobão
John Lennon
Kerry King, guitarrista do Slayer.
King Diamond, vocalista da banda de heavy metal dinamarquesa Mercyful Fate
Lemmy Kilmister, vocalista, baixista e líder da banda de heavy metal Motorhead.
Liam Gallagher
Max Cavalera, ex-vocalista do grupo brasileiro de heavy metal Sepultura.
Nando Reis, ex0 baixista do grupo de rock brasileiro Titãs.
Noel Gallagher
Raul Seixas
Renato Russo
Richard Strauss
Roger Waters, ex-baixista e um dos fundadores do Pink Floyd.
Scott Ian, guitarrista e líder do banda de trash metal Anthrax.
Tony Bellotto
Trent Reznor, líder da banda de metal industrial Nine Inch Nails.
Vinícius de Moraes

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Recortes Literários


Nunca havia lido um livro de Graciliano Ramos, mas sempre tive uma grande esperança em sua literatura. Leio pouco os autores brasileiros, pois eles não me atraem muito. Principalmente aqueles regionalistas; estes me causam repúdio; dificilmente os lerei. Não gosto de autores que fiquem naquela coisa de falar de descrever lugar assim, lugar assado, e se prender a isso. Com Graciliano é diferente: o lugar de onde veio, o Nordeste, é usado apenas como instrumento para que a piedade que venhamos a sentir pelo personagem aumente.

Não, não estou falando de "Vidas Secas", mas de "Angústia", primeiro e ótimo livro que li dele, que fala de Luís da Silva, um nordestino derrotado, que só tem tristezas a contar de sua vida, e vive com uma nostalgia angustiante do passado que viveu no Nordeste. E por incrível que pareça, ainda há espaço para um humor natural e espontâneo, mesmo que pareça difícil haver algum humor num livro como esses. Vale muito a pena lê-lo, pois é uma leitura simples e agradabilíssima.

Vão aqui algumas partes deste livro angustiante e encantador.


“... Escrevi muito atacando a república velha, doutor; sacrifiquei-me, endividei-me, estive preso por causa de ideologia, doutor.

Afinal, para se livrarem de mim, atiraram-me este osso que vou roendo com ódio.

Chegue mais cedo amanhã, seu Luís.

E eu chego.

Informe lá, seu Luís.

E eu informo. Como sou diferente de meu avô”.

“Os livros idiotas animam a gente. Se não fossem eles, nem sei quem se atreveria a começar”

“E contava mentalmente o dinheiro suado e mesquinho. Na sala de projeção a neta de d. Aurora abriu um leque enorme em cima das coxas e meteu minha perna entre as dela. Subitamente o rato deixou de roer-me. O que eu estava era indignado. E calculava. Três passagens de bonde – mil e duzentos. Três sorvetes – três vezes cinco, quinze. E entradas no cinema. As coxas da moça eram frias. Com certeza fazia aquilo por hábito. Naquele tempo eu andava como um bode. Mas esfriei também. Cinco mil-réis por seis horas, à noite, suspensões, multas, o jornal indo para cima e para baixo. Era um sofrimento a ideia de que no fim da quinzena ficaríamos sem o cobre que estava enganchado”.

“Maria, nem só de smoking vive o homem”.

“Um galo no galinheiro pôs-se a arrastar a asa a uma franga. Eu estava fazendo ali a mesma coisa, apenas com mais habilidade e mais demora. A franga não aparecia”.

“Quem tem de se empenhar que se venda logo”.

“Realmente, coitada, era dali para a cova, com escala pelo hospital”.

“Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de prostituição!”

“Agora não podia arredar-me dali. Parecia-me que, na minha ausência, Julião Tavares penetraria na casa e levaria o que me restava: livros, papeis, a garrafa de aguardente”.

“Quem sabe lá escolher com segurança os atalhos menos perigosos? A gente vai, vem, faz curvas e ziguezagues, e dá topadas de arrancar as unhas. A água lava tudo, as feridas mais graves cicatrizam”.

“Quem andou por este mundo roendo chifre não se engancha com bobagens. Porcaria. Tenho comido toucinho com mais cabelo”.

“Bebi o resto da aguardente, pensando em coisas sagradas, Deus, pátria, família, coisas distantes. Por cima da armação da bodega havia a litografia de uma santinha bonita. Lembrei-me do Deus antigo que incendiava cidades”.

“A minha pátria era a vila perdida no alto de uma serra, onde a chuva caía numa neblina que escondia tudo. Se eu tivesse ficado ali, ignoraria o resto do mundo”.

“Também já não sabia as vantagens que o catecismo reserva aos que têm fome e sede de justiça”.