terça-feira, 20 de setembro de 2011

Por que anarquismo?


Hoje em dia é quase impossível encontrar um indivíduo que se declare anarquista. E faço questão de não colocar na conta aqueles punks que leem alguma coisinha na internet, se interessam pelo tema e já se declaram “anarquistas”. Não, esses não. Anarquismo não é matar alguém por causa de oitenta centavos, como dois deles fizeram uma vez; nem sair marcando briguinhas pela internet com skinheads. O nome disso não é anarquismo; é criancice. Os punks antigos, aqueles surgidos na Inglaterra, talvez esses sim se inspirassem no anarquismo.

Tirando os punks de cena, meu intuito é esclarecer a causa, o motivo de eu ser anarquista. Bem, acho que o primeiro é o fato de ser pobre. Quando se é pobre, tem-se uma raiva incompreensível dos ricos, uma raiva que vem de berço e que mantenho até hoje. É como se soubéssemos que estamos da forma que estamos por causa deles – o que é inteiramente verdadeiro. Pensar dessa forma já é um passo para o socialismo. Eu, no auge dos meus quinze anos, já fui um “vermelho”. Dizia-me socialista, sem conhecer muito bem a coisa. Ao estudar melhor, o anarquismo acabou me atraindo mais.

Que fique bem claro, por favor, que sou um completo amador no tema. Gosto de História, tenho livros comprados e lidos sobre o tema, mas não sou sumidade no assunto. Talvez um dia seja. Entretanto, tenho meus pitacos, pois, pois.

Os teóricos anarquistas que mais me atraem são os dois mais famosos: Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon. O primeiro, russo, a quem mais admiro entre todos, foi talvez o mais entusiasta anarquista da história. Lutou nas barricadas e foi conhecido por sua ânsia de destruir. Destruir, acabar com as chamadas “maçãs podres”, para começar novamente uma nova existência, fundada na paz e na harmonia. Bakunin é o que mais me entusiasma, e compartilho com ele muitas de suas opiniões. Mas também gosto bastante do francês Proudhon, um dos primeiros teóricos a se autoproclamar anarquista. Proudhon é mais racional, a meu ver. Foi deputado, mas viu que o sendo, estava se afastando do povo e de seu ideal. Concordo com seu “anarco-comunismo” e penso que a sociedade deveria ser organizada em várias pequenas sociedades, com uns ajudando aos outros; trabalhando não apenas para si, mas para todos. Resumindo, me declaro um anarquista violento, assim como Bakunin, mas que gosta da organização e da racionalidade na hora de organizar as coisas, assim como Proudhon. Ação e Organização.

Utópico? É o que todos me falam. E concordo. O ser humano é um ser desprezível e nojento; já não há mais esperanças para ele. Só pensa em ganhar dinheiro; é egocêntrico e egoísta. Antes, pensava em fazer as pessoas a pelo menos pensarem um pouco sobre o anarquismo. Mas a única coisa que elas diziam era que isso é utópico. Sim, é utópico, mas não impossível. Não acredito num “mundo anarquista”, até porque, parece que o mundo tem andado para trás e as religiões e a ignorância têm tomado as pessoas. Sendo assim, não acredito de forma alguma no ser humano; tornei-me, eu, um egoísta. Nesse ponto, concordo com Max Stirner, outro teórico anarquista, de que cada um deve se conscientizar por si mesmo. A época que o anarquismo chamava a atenção das pessoas já passou há muito tempo. Seu último suspiro foi dado na Revolução Espanhola, quando uma desorganizada resistência anarquista acabou sendo derrotada pelos nazistas e fascistas alemães e italianos. Talvez, o punk dos Anos 70 e a Revolução de 68 tenham dado-lhe alguma esperança, mas esta já está distante desde então.

O que sobra então? Pra mim, pouco importa o anarquismo do outro; importa o meu, importa que eu seja. Farei eu mesmo o meu anarquismo. É óbvio que não sairei por aí soltando bombas ou matando padres – mesmo que vontade não falte. Mas há outra forma egoísta de ser anarquista. E em algum ponto de minha vida acabarei realizando-o.

O conhecimento, estudo e posterior filiação foram decisivos na minha “conversão” ao ateísmo. Também tornaram-me humanista e antipatriota. Contra todo tipo de poder, abuso ou autoridade, assim é o anarquismo. Contra o voto, que a meu ver, não serve para nada. Contra a democracia e também o socialismo, pois ambos não resolveram e continuam não resolvendo o problema do povo. Contra todo e qualquer tipo de religião ou deus, que só sabe subjugar o indivíduo e cegá-lo. Contra todo tipo de vício, que, assim como a religião, aprisiona o indivíduo, servindo de bengala para sua existência. Se me declaro anarquista, quer dizer que penso ser este o melhor e mais seguro modo de se viver. Utopicamente, ou não.

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