Sempre há um álbum nas bandas de rock - bandas em geral, pode-se dizer - o qual intitulam de "O Divisor de Águas". Foi assim com os Beatles, em "Sgt. Peppers", com o Queen em "A Night Of the Opera", com o The Who em "Tommy", com o The Clash em "London Calling", e porque não com o Megadeth em "Countdown to Extinction"? Na maioria dos casos, a mudança não é bem vista pelos fãs das bandas. Muitos deixam de acompanhá-las, enquanto outros passam a escutá-las. Foi assim com as bandas citadas e também assim foi com o Metallica, a partir do álbum "And Justice For All", de 1988. Os fãs mais radicais chamaram a banda de vendida. Outros acharam a mudança bem vinda. E ainda outros, que não conheciam a banda, passaram a conhecer e gostar.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
And Justice For All (Metallica, 1988)
Sempre há um álbum nas bandas de rock - bandas em geral, pode-se dizer - o qual intitulam de "O Divisor de Águas". Foi assim com os Beatles, em "Sgt. Peppers", com o Queen em "A Night Of the Opera", com o The Who em "Tommy", com o The Clash em "London Calling", e porque não com o Megadeth em "Countdown to Extinction"? Na maioria dos casos, a mudança não é bem vista pelos fãs das bandas. Muitos deixam de acompanhá-las, enquanto outros passam a escutá-las. Foi assim com as bandas citadas e também assim foi com o Metallica, a partir do álbum "And Justice For All", de 1988. Os fãs mais radicais chamaram a banda de vendida. Outros acharam a mudança bem vinda. E ainda outros, que não conheciam a banda, passaram a conhecer e gostar.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Master Of Puppets, Metallica (1986)
Agora, uma carapaça vazia
Idade: 21, filho único,
Mas ele nos serviu bem
Nasceu para matar, não para dar a mínima
Faça igual ao que nós mandarmos,
Terminado aqui, Conheça a morte
Ele é seu, você pode levar embora".
"Master of Puppets" nasceu da união do peso de "Kill' Em All" e da técnica de "Ride the Lightning". Já em seu terceiro petardo, a banda já sabia perfeitamente a que viera ao mundo: para recheá-lo de peso, fúria e técnica, e de quebra, com letras fortes e otimamente escritas. Assim como "Ride" falava de morte, "Master" fala de dominação - a começar pelo título, que, traduzido, fica "Mestre dos Fantoches". E a dominação começa pela agressão, com "Battery", primeira música do álbum. Ela começa tranquilamente, ao som do violão, quando termina numa barulheira infernal, um verdadeiro arrasa-quarteirão de estourar o tímpano de qualquer handbanger que se preze.
"Disposable Heroes" é daquelas músicas que revoltam. Não por ser ruim, muito pelo contrário, mas pelo seu conteúdo, ajudado pelo peso que externa. A dominação aqui é pela guerra; os soldados, pobres e mortos de fome, garotos, mal saídos da escola, agora matam. Matam por interesses de outros os quais nem têm conhecimento. "Leper Messiah" - literalmente, "O Messias Leproso" - , uma das minhas letras favoritas, fala da dominação pela religião. Com um ritmo mais lento, mas mesmo assim pesada, a música destila toda a sua raiva e revolta contra os religiosos mentirosos e farsantes, que usam de um ídolo caduco para cada vez mais extorquir dinheiro das pessoas.
"Orion", a penúltima música do álbum, é instrumental e mostra toda a habilidade do fantástico e finado baixista Cliff Burton. Ela começa com um efeito de pedal de seu baixo, e passa todos os seus 8:28 de duração marcada pela presença de seu baixo. Definitivamente, a melhor composição instrumental da banda. "Damage Inc.", talvez o maior arrasa-quarteirão metallico, vem para destruir tudo e não deixar nada em pé. Com uma letra forte, que fala sobre a dominação pelo trabalho exaustivo e que paga uma miséria, "Damage" é pra você banguear, banguear e banguear. E se puder, bata a cabeça na parede. Essa música é pra te deixar louco.
"Master of Puppets" é um álbum de uma banda em seu ápice e no auge de sua forma. Considerado pelos fãs mais xiitas como o "último álbum do Metallica", "Master" é um divisor de águas da banda, que já em "And Justice for All" iria para um lado mais calmo, que seria finalizado em "The Black Album". Discordâncias à parte, só é preciso dizer três coisas de "Master of Puppets": um, é o melhor álbum de trash metal da história; dois, é um dos cinco melhores álbuns de heavy metal; três, é o auge de uma banda como o Metallica. Acho que só pelo terceiro motivo valeria ouvir o álbum. Até porque, quando se trata de Metallica, não se fala de qualquer banda, mas do Metallica. E fim de papo.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Ride the Lightning, Metallica (1984)
Machado de Assis branco?
Soube esses dias, pela internet, que havia uma propaganda da Caixa Econômica Federal em que aparecia um ator branco interpretando o célebre escritor Machado de Assis, o melhor autor brasileiro de todos os tempos. Como que tendo mergulhado nas mesmas águas que tornaram Macunaíma branco, Machado também se tornara branco. Racismo? Incompetência? Falta de pesquisa? Má caracterização do personagem? De tudo um pouco, digamos assim.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Por que anarquismo?
Hoje em dia é quase impossível encontrar um indivíduo que se declare anarquista. E faço questão de não colocar na conta aqueles punks que leem alguma coisinha na internet, se interessam pelo tema e já se declaram “anarquistas”. Não, esses não. Anarquismo não é matar alguém por causa de oitenta centavos, como dois deles fizeram uma vez; nem sair marcando briguinhas pela internet com skinheads. O nome disso não é anarquismo; é criancice. Os punks antigos, aqueles surgidos na Inglaterra, talvez esses sim se inspirassem no anarquismo.
Tirando os punks de cena, meu intuito é esclarecer a causa, o motivo de eu ser anarquista. Bem, acho que o primeiro é o fato de ser pobre. Quando se é pobre, tem-se uma raiva incompreensível dos ricos, uma raiva que vem de berço e que mantenho até hoje. É como se soubéssemos que estamos da forma que estamos por causa deles – o que é inteiramente verdadeiro. Pensar dessa forma já é um passo para o socialismo. Eu, no auge dos meus quinze anos, já fui um “vermelho”. Dizia-me socialista, sem conhecer muito bem a coisa. Ao estudar melhor, o anarquismo acabou me atraindo mais.
Que fique bem claro, por favor, que sou um completo amador no tema. Gosto de História, tenho livros comprados e lidos sobre o tema, mas não sou sumidade no assunto. Talvez um dia seja. Entretanto, tenho meus pitacos, pois, pois.
Os teóricos anarquistas que mais me atraem são os dois mais famosos: Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon. O primeiro, russo, a quem mais admiro entre todos, foi talvez o mais entusiasta anarquista da história. Lutou nas barricadas e foi conhecido por sua ânsia de destruir. Destruir, acabar com as chamadas “maçãs podres”, para começar novamente uma nova existência, fundada na paz e na harmonia. Bakunin é o que mais me entusiasma, e compartilho com ele muitas de suas opiniões. Mas também gosto bastante do francês Proudhon, um dos primeiros teóricos a se autoproclamar anarquista. Proudhon é mais racional, a meu ver. Foi deputado, mas viu que o sendo, estava se afastando do povo e de seu ideal. Concordo com seu “anarco-comunismo” e penso que a sociedade deveria ser organizada em várias pequenas sociedades, com uns ajudando aos outros; trabalhando não apenas para si, mas para todos. Resumindo, me declaro um anarquista violento, assim como Bakunin, mas que gosta da organização e da racionalidade na hora de organizar as coisas, assim como Proudhon. Ação e Organização.
Utópico? É o que todos me falam. E concordo. O ser humano é um ser desprezível e nojento; já não há mais esperanças para ele. Só pensa em ganhar dinheiro; é egocêntrico e egoísta. Antes, pensava em fazer as pessoas a pelo menos pensarem um pouco sobre o anarquismo. Mas a única coisa que elas diziam era que isso é utópico. Sim, é utópico, mas não impossível. Não acredito num “mundo anarquista”, até porque, parece que o mundo tem andado para trás e as religiões e a ignorância têm tomado as pessoas. Sendo assim, não acredito de forma alguma no ser humano; tornei-me, eu, um egoísta. Nesse ponto, concordo com Max Stirner, outro teórico anarquista, de que cada um deve se conscientizar por si mesmo. A época que o anarquismo chamava a atenção das pessoas já passou há muito tempo. Seu último suspiro foi dado na Revolução Espanhola, quando uma desorganizada resistência anarquista acabou sendo derrotada pelos nazistas e fascistas alemães e italianos. Talvez, o punk dos Anos 70 e a Revolução de 68 tenham dado-lhe alguma esperança, mas esta já está distante desde então.
O que sobra então? Pra mim, pouco importa o anarquismo do outro; importa o meu, importa que eu seja. Farei eu mesmo o meu anarquismo. É óbvio que não sairei por aí soltando bombas ou matando padres – mesmo que vontade não falte. Mas há outra forma egoísta de ser anarquista. E em algum ponto de minha vida acabarei realizando-o.
O conhecimento, estudo e posterior filiação foram decisivos na minha “conversão” ao ateísmo. Também tornaram-me humanista e antipatriota. Contra todo tipo de poder, abuso ou autoridade, assim é o anarquismo. Contra o voto, que a meu ver, não serve para nada. Contra a democracia e também o socialismo, pois ambos não resolveram e continuam não resolvendo o problema do povo. Contra todo e qualquer tipo de religião ou deus, que só sabe subjugar o indivíduo e cegá-lo. Contra todo tipo de vício, que, assim como a religião, aprisiona o indivíduo, servindo de bengala para sua existência. Se me declaro anarquista, quer dizer que penso ser este o melhor e mais seguro modo de se viver. Utopicamente, ou não.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Kill' Em All (Metallica, 1983)
Álbum: Kill' Em All Ano: 1983 Gênero: Trash Metal/Speed Metal Componentes: James Hetfield (Voz/Guitarra Base)/Lars Ulrich (Bateria)/Kirk Hammet (Guitarra Solo)/Cliff Burton (Baixo)
1. | "Hit the Lights" | Hetfield, Ulrich | 4:17 |
2. | "The Four Horsemen" | Hetfield, Ulrich, Mustaine | 7:13 |
3. | "Motorbreath" | Hetfield | 3:08 |
4. | "Jump in the Fire" | Hetfield, Ulrich, Mustaine | 4:42 |
5. | "(Anesthesia) Pulling Teeth (Instrumental)" | Burton | 4:15 |
6. | "Whiplash" | Hetfield, Ulrich | 4:10 |
7. | "Phantom Lord" | Hetfield, Ulrich, Mustaine | 5:02 |
8. | "No Remorse" | Hetfield, Ulrich | 6:26 |
9. | "Seek & Destroy" | Hetfield, Ulrich | 6:55 |
10. | "Metal Militia" | Hetfield, Ulrich, Mustaine | 5:10 |
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Do descaso agraciado às universidades
Muitos dos meus amigos sabem que odeio o Brasil. Não tenho a mínima vergonha disso e logo faço questão de explanar minha opinião - mais uma radical, para variar. Podem chamar de infantil ou precipitada, ou mesmo de tosca, mas é minha opinião. Por vários motivos eu não gosto deste país, além de nada me atrair nele. E não vejo a hora de fugir daqui e ir para um lugar beeeem longe. De preferência, para a Finlândia, Suécia, Noruega, o diabo a quatro!
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Recortes Filmográficos - La Dolce Vita (1960)
Filme que concedeu a excomunhão à Federico Fellini - penso que ele não estava pouco se fodendo para isso - , "A Doce Vida" marcou uma "cisão" na filmografia do cineasta: definitivamente, ele havia largado a estética neo-realista que vinha usando até então. "La Dolce Vita" é a prova de um Fellini mais maduro, disposto a usar mais da mente e menos do "social". Mudança esta que receberia um acabamento melhor em "Oito e Meio", seu melhor filme, na minha opinião. De "A Doce Vida" em diante, Fellini produziria o melhor de seu cinema, notavelmente a já citada obra de 63, "Amarcord", "Julieta dos Espíritos", "Satyricon" e "E La Nave Va". Não posso deixar de apontar, é claro, que filmes como "A Estrada da Vida" e "Noites de Cabíria" - ambos estrelados por sua esposa, Giulietta Massina - são clássicos comparáveis a suas melhores obras.
“Veja, estes padres não temem o demônio! Até permitem que eu toque o órgão!”
“No amor, é melhor ser escolhido”.
“No 22, vindo a Roma com meu séquito, passei a noite num castelo assim.
No da minha cunhada, vimos uma criança de vela na mão.
Conte direito, não era uma criança.
Como? Nem era vela”.
“Sua tia é médium?
Não sabe? O marido separou-se porque encontrava sempre fantasmas na cama”.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Extra! Extra! "Para provar não ser gay, padre pede à diocese que meça o seu ânus"
Torres foi afastado de sua paróquia, na cidade de Fuenlabrada, perto de Madri, sob a suspeita de ser homossexual por causa de uma foto que saiu na internet na qual ele e Yannick Delgado (foto), um seminarista de 28 anos de Cuba, estão abraçados sem camisa. A foto foi tirada no ano passado no Santuário de Fátima, Portugal.
Torres afirmou ser vítima de calúnia. “Tenho uma amizade normal com este menino. Este foi o único dia que eu estive com ele. Tiramos uma foto de nós mesmos, sem camisas, e foi isso que deu origem à confusão.”
A diocese de Getafe exigiu que o padre fizesse exames para verificar se tem o vírus HIV e o encaminhou a um tratamento psiquiátrico. "O psiquiatra me perguntou de forma humilhante se os meus pais me tinham estuprado quando era criança ou se eu os tinha visto ter relações sexuais", disse.
O padre afirmou confiar no diagnóstico da medição do ânus porque, segundo ele, trata-se de uma técnica cuja eficácia já foi provada em terapia de pessoas que deixaram de ser gay.
Até que estourasse o escândalo, a comunidade gay acusava Torres de ser homofóbico porque ele tem textos na internet segundo os quais os homossexuais são "intrinsecamente maus e perversos".
Delgado disse não saber quem colocou a foto na internet. "Ela estava no meu computador, e eu nem sequer a postei no Facebook", disse. Ele considera o padre como "um pai adotivo".
Os fiéis fizeram um abaixo assinado para que Torres volte à paróquia. O padre, que resistiu em entregar a chave da igreja, disse que se queixou diretamente com o Vaticano.
A diocese comunicou que Torres foi afastado por "problemas pastorais".
Torres resistiu em entregar a chave da igreja |
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Meus Sósias Famosos
Enfim, essas comparações me vieram à mente hoje, quando uma colega minha me disse, repentinamente, que pareço com Mosca (?) da antiga e já finada novela para crianças "Chiquititas". Bem, essa não foi a primeira vez que fui comparado com algum famoso. Vão aqui os nomes dos que chamo meus "sósias famosos".
Este aqui, para quem não conhece, é Julio Baptista, jogador de vários clubes importantes da Europa, chegando a ser convocado muitas vezes para a seleção brasileira. Talvez pelo fato da minha cor ser parecida com a dele e o corte de cabelo é idêntico, haja algum motivo para quererem me achar parecido. Talvez o formato do rosto, mas nada muito semelhante. Essa semelhança foi abordada por um colega meu e acabou pegando esse apelido por algum tempo.
Este é o Alexandre Pires. Pelos mesmos fatos citados acima, alguns amigos me disseram ser parecido com ele. Também deve ser devido ao corte de cabelo bem baixo, à cor e formato do rosto. Reconheço que talvez seja ele o sósia mais parecido comigo de todos. O mal é que ele é pagodeiro, né? Ser parecido com um pagodeiro; ninguém merece, rs.
Essa foi a segunda semelhança mais absurda que já me apontaram: eu não tenho absolutamente nada a ver com este garoto! Talvez os olhos e a sobrancelha. Fora isso, mais nada! E o garoto tem por apelido "Mosca". Putz, ninguém merece um apelido de "Mosca"! Só minha colega mesmo. Ah, disse que esta foi a segunda, pois a primeira vem a seguir.
A comparação feita a esta pessoa foi a mais canalha, suja e desagradável que me fizeram. Tudo bem que já fui goleiro - e dos bons! -, mas daí me comparar a um assassino, e ainda por cima flamenguista?! Peraí, é muita sacanagem! Tudo bem que ele pegou - e depois matou, tudo indica - aquela modelo, mas mesmo assim, não dá! Fora o fato de que não tenho nada a ver com ele! Mas acontece que um amigo meu reconheceu alguma semelhança, e pronto, acabou caindo no gosto. Felizmente, por pouco tempo. Entretanto, tem gente que lembra até hoje.
Esta foi a comparação que mais me agradou. Primeiro porque ele é um puta piloto; além disso, o piloto pelo qual eu torço na F1. Segundo, dos aqui apresentado, é o mais simpático. Terceiro, pega aquela tal de Nicole Scherzinger, do Pussycat Dolls, que é uma morena muito bonita! Uma pena que apenas um senhor viu essa semelhança. Outros até vêem alguma, mas nada comparado aos outros que coloquei aqui.
Bem, modestamente à parte mais bonito que os outros, este é o Original André:
Com luzes, cone, carro e cara de assustado, este sou eu. Dá pra ver alguma semelhança com as figuras acima?
Psycho, 1960
A obra prima do terror
Dizer que algum filme é a obra prima de um gênero parece um pouco radical, não é? Sim, eu sou radical, e a maioria das coisas que faço é oito ou oitenta. Além disso, há filmes que possuem seus representantes “máximos”. Por exemplo, “2001: Uma Odisseia no Espaço” é quase unanimidade como melhor filme de ficção cientifica; “O Poderoso Chefão” é indiscutivelmente o melhor filme quando o assunto é máfia; “Cantando na Chuva” é uma sumidade quando se trata de musicais. Assim acontece com “Psicose”, o clássico dos clássicos dos filmes de terror. Um dos mais imitados, parodiados e homenageados da história do cinema.
“Psicose” é um dos filmes mais conhecidos e consagrados da sétima arte. Até aquele que não conhece o cinema de perto já ouviu falar do filme. Eu era um desses, e quando o assisti, confesso que fiquei impressionado. Eu já havia visto um filme de Alfred Hitchcock - “Janela Indiscreta” - mas este, apesar de fantástico, não havia me passado o mesmo encanto de “Psicose”. Na verdade, talvez só “Laranja Mecânica” me cause tanto encanto quanto “Psicose”.
Mas deixando para lá os encantos pessoais, “Psycho”, do diretor americano Alfred Hitchcock, foi dirigido em 1960, quando o gênero terror focalizava suas atenções em criaturas não-humanas ou a seres de outro mundo. Uma das características principais e mais marcantes foi o fato de o “monstro” ser uma pessoa, um ser feito de carne e osso, e não um ET ou mesmo monstros como vampiros. E essa é apenas uma das infinitas qualidades do filme. Afinal, se eu fizesse um post apontando todas as características positivas da película, ficaria aqui o dia todo e ainda assim não conseguiria.
“Psicose” conta a história de uma funcionária de uma imobiliária – interpretado por Janet Leigh – que decide fugir com 40 mil dólares pagos por um cliente – o costumeiro “McGuffin dos filmes de Hitch - , que havia comprado uma casa. No caminho da fuga, ela passa por vários obstáculos, até que decide pernoitar num hotel longe de tudo e de todos. Lá, conhece Norman Bates – interpretado por Anthony Perkins, que ficou eternamente marcado pelo personagem – um simpático rapaz que parece ser confiável. Ele é filho da dona do hotel. Esta, parece não gostar nada da estadia da mulher. E essa raiva – ou ciúme – culmina quando a mesma assassina a hóspede enquanto a mesma está tomando seu banho, inocentemente, na cena mais conhecida da história do cinema.
Alfred Hitchcock já era um diretor consagrado quando fez “Psicose”. Falar de sua maestria em colocar a câmera sempre no lugar certo, na riqueza dos detalhes, na escolha certa dos atores, nos diálogos curtos e secos e no andamento fascinante e sem pressa de mostrar o ato seguinte, é meio que redundância. Qualquer fã de cinema se encanta com este filme, que ainda de presente, traz – a meu ver – a melhor trilha sonora da história do cinema. Bernard Herrmann, o maestro dos maestros em quesito trilhas sonoras, simplesmente eternizou o filme com seus violinos torturantes na cena do assassinato. Sua trilha não é marcante apenas nesta cena, mas desde o começo, com seu prelúdio macabro. Já desde o começo, a sua marca é deixada, e se torna impressionante como sua trilha aparece nos momentos precisos – coisa que muitos filmes não conseguem.
Quanto às atuações, Janet Leigh está convincente no papel de Marion; Vera Miles – uma excelente atriz, mas pouco explorada – também não fica para trás, e se sai fantástica no papel da irmã de Marion. E, claro, Anthony Perkins, no papel que o eternizou no cinema, como o doce e simpático Norman Bates, esteve perfeito. Créditos também para Martin Balsam, o detetive Milton Arbogast; e John Gavin, como o amante de Marion.
Influência em 10 de 10 diretores de filmes de terror, “Psicose” é daqueles filmes que, além de ter causado filas quilométricas em todos os cinemas, revolucionou a história do cinema. O gênero do terror nunca foi o mesmo depois deste filme. “Psicose” não tem interesse em chocar o telespectador, mas angustiá-lo, prepará-lo, “amadurá-lo” para as situações principais do filme. Hitchcock disse certa vez que ficou muito feliz com o resultado de sua obra, pois ele não precisa fazer praticamente nada; o filme levaria a atenção do público por si só. Isso é o mais próximo da verdade impossível. “Psycho” prende, talvez mais do que qualquer outro filme, a atenção do espectador de forma angustiante e torturadora. Sabemos que algo de ruim irá acontecer, mas, enquanto o tempo passa, Hitch se diverte, sadicamente, em “enrolar” o espectador , fazê-lo esperar pelo desfecho do filme, o mais impressionante da história do cinema – na minha opinião, é claro.
Depois de tantas qualidades, resta assistir a este filme. Já o vi quatro ou cinco vezes, e o veria toda semana e não cansaria. “Psicose” é desses filmes que merecem estar no panteão das obras mais importantes da história. Seja por sua excelência, seja por seu aspecto revolucionário, é um filme que merece aparecer em qualquer lista de “Melhores Filmes” de qualquer crítico. Assim como “A Regra do Jogo”, “Cidadão Kane”, “O Encouraçado Potemkin”, o mundo do cinema nunca foi o mesmo depois de “Psicose”. Melhor parar por aqui, pois me estenderei ainda mais e não conseguirei acabar esse post. Tornando minhas as palavras de Janet Leigh, ela explicará melhor do que ninguém as razões pelas quais “Psicose” é um clássico do cinema:
“O brilhantismo de “Psicose” está no fato de que faz com que a imaginação das pessoas aflore. Hoje, você não usa sua imaginação, eles te mostram tudo. Eu acho que os novos filmes de terror não são tão bons. Sua imaginação é muito mais forte do que qualquer coisas que se possa mostrar graficamente”.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
65 Anos de Freddie Mercury
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Ateus Famosos
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Recortes Literários
“... Escrevi muito atacando a república velha, doutor; sacrifiquei-me, endividei-me, estive preso por causa de ideologia, doutor.
Afinal, para se livrarem de mim, atiraram-me este osso que vou roendo com ódio.
Chegue mais cedo amanhã, seu Luís.
E eu chego.
Informe lá, seu Luís.
E eu informo. Como sou diferente de meu avô”.
“Os livros idiotas animam a gente. Se não fossem eles, nem sei quem se atreveria a começar”
“E contava mentalmente o dinheiro suado e mesquinho. Na sala de projeção a neta de d. Aurora abriu um leque enorme em cima das coxas e meteu minha perna entre as dela. Subitamente o rato deixou de roer-me. O que eu estava era indignado. E calculava. Três passagens de bonde – mil e duzentos. Três sorvetes – três vezes cinco, quinze. E entradas no cinema. As coxas da moça eram frias. Com certeza fazia aquilo por hábito. Naquele tempo eu andava como um bode. Mas esfriei também. Cinco mil-réis por seis horas, à noite, suspensões, multas, o jornal indo para cima e para baixo. Era um sofrimento a ideia de que no fim da quinzena ficaríamos sem o cobre que estava enganchado”.
“Maria, nem só de smoking vive o homem”.
“Um galo no galinheiro pôs-se a arrastar a asa a uma franga. Eu estava fazendo ali a mesma coisa, apenas com mais habilidade e mais demora. A franga não aparecia”.
“Quem tem de se empenhar que se venda logo”.
“Realmente, coitada, era dali para a cova, com escala pelo hospital”.
“Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de prostituição!”
“Agora não podia arredar-me dali. Parecia-me que, na minha ausência, Julião Tavares penetraria na casa e levaria o que me restava: livros, papeis, a garrafa de aguardente”.
“Quem sabe lá escolher com segurança os atalhos menos perigosos? A gente vai, vem, faz curvas e ziguezagues, e dá topadas de arrancar as unhas. A água lava tudo, as feridas mais graves cicatrizam”.
“Quem andou por este mundo roendo chifre não se engancha com bobagens. Porcaria. Tenho comido toucinho com mais cabelo”.
“Bebi o resto da aguardente, pensando em coisas sagradas, Deus, pátria, família, coisas distantes. Por cima da armação da bodega havia a litografia de uma santinha bonita. Lembrei-me do Deus antigo que incendiava cidades”.
“A minha pátria era a vila perdida no alto de uma serra, onde a chuva caía numa neblina que escondia tudo. Se eu tivesse ficado ali, ignoraria o resto do mundo”.
“Também já não sabia as vantagens que o catecismo reserva aos que têm fome e sede de justiça”.