segunda-feira, 22 de março de 2010

Do cinema para a realidade

Já pensou se algum dia você está vendo um filme com a Marilyn Monroe, e repentinamente, ela sai da tela para conversar com você? E melhor, depois se apaixona por você? Acha isso impossível? Bem, Woody Allen não achou. Não que ele tenha colocado a deusa loira fora das telas para a vida real, mas mesmo assim, trouxe felicidade à vida de Cecília, personagem interpretada por Mia Farrow. Vivendo uma vida infeliz, num emprego ao qual não conseguia se adaptar, em meio à Grande Depressão, e com um marido vagabundo e que batia nela, Cecília se sentiu nas nuvens quando seu personagem favorito saiu das telas e veio diretamente falar com ela! Ufa, essa é a história de "A Rosa Púrpura do Cairo"!

Brincando com o imaginário, Allen constrói uma história fascinante, engraçada e triste. Fascinante pelo fato de um personagem sair de um filme e se "trasnportar" para a vida real; engraçada pelas várias situações hilariantes - como a não-continuação do filme pela ausência do ator e revolta dos pesonagens; o engraçado embate entre esses personagens e os telespectadores, aborrecidos que estavam pois pagaram um filme e não estavam vendo-o; as encrencas em que se metia o personagem "foragido" do filme, por causa de sua inocência, entre outras -; triste pois mostra a vida sofrida de Cecília, que encontra felicidade ao lado de alguém irreal.

Com o humor sempre presente em seus filmes, neste, Allen inclui também um pouco de drama, e claro, o fato impressionante da "fuga" do ator. Com isso, "The Purple Rose Of Cairo" torna-se um de seus melhores filmes, por unir a sutil direção de Allen, que mesmo não demonstrando um rio de virtuosismo, consegue apresentar a história perfeitamente, movendo sua câmera lentamente, com seus ótimos closes. Obviamente, sua genialidade, muitas vezes já demonstrada em outros filmes, está aqui presente em inventar uma história rica, genial, coisa de Woody Allen. Seu roteiro, mágico e criativo, recebeu uma indicação ao Oscar, mas acabou perdendo para "A Testemunha".

Na minha opinião, o que Allen quis mostrar em "A Rosa Púrpura do Cairo" foi o fato de que o cinema, em seus dramas, aventuras, comédias e terrores, faz com que o telespectador esqueça de seus problemas, pelo menos enquando dura o filme. O cinema tem tal magia: a de nos levar a um mundo imaginário, irreal, em que tudo dará certo (ou não). Um mundo onde não se tenha que se preocupar com os nossos incontáveis problemas do dia-a-dia. Se foi isso que o genial Allen quis passar, certamente o conseguiu e com a maestria de sempre!

Ah, e quanto à Marilyn Monroe, bem que poderia ser verdade, hein???

P.S. Acho que se isso acontecesse, eu teria um ataque cardíaco....

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