Ontem, dia 29 de Abril, fez-se trinta anos que o mestre Alfred Hitchcock nos deixou. Também ele nos deixou uma enorme contribuição ao mundo do cinema. Considerado por unanimidade como o "mestre do suspense", Hitch foi com certeza um dos maiores cineastas da história do cinema! Praticamente revolucionou o gênero do suspense, dando à ele uma nova cara, seguida por muitos até hoje - ou melhor, copiada, pois ser igual a Hitchcock é humanamente impossível.
Muitos dizem que ele era repetitivo, só fazendo filmes de suspense. Tirando algumas comédias que ele também dirigiu - como "O Terceiro Tiro" e "Um Casal do Barulho" - Hitchcock foi sim repetitivo: só fazia filmes de suspense. Sem esquecer, é claro, o toque de drama, com uma pitada de terror e seu constante humor negro e tiradas engraçadas genialmente pensadas! Essa era a fórmula que Hitchcock repetia. E a repetia otimamente!
Alfred Hitchcock, nascido em 1899, em Leyntonstone. Londres, desde pequeno teve uma educação católica rígida, chegando a estudar em um colégio jesuíta. Talvez essa rigidez tenha contribuído para seu posterior ateísmo, mas isso é outra conversa. Seu pai vendia frutas e verduras, e com a morte deste, largou o colégio e resolveu trabalhar como designer gráfico para publicidade, numa companhia de cabos elétricos. Isso com apenas 14 anos!
Logo depois, foi para a Paramount Pictures. Lá, trabalhou com a colocação de textos em filmes mudos. Com isso, foi pegando experiência, até que a mesma empresa deu-lhe a chance de ser diretor. O jovem Hitchcock, nos seus 26 anos, dirigiu "The Pleasure Garden". Daí para frente, com cada vez mais confiança, passou a dirigir mais e mais filmes, tais como "The Lodger", "Chantagem e Confissão", "O Homem Que Sabia Demais", "Os 39 Degraus", e "A Dama Oculta". Filmes que não foram os mais brilhantes de sua carreira, mas brilhantes assim mesmo para alguém novo como ele e com pouca experiência. Depois deste último filme, o filho do vendedor de frutas e verduras foi chamado para trabalhar em Hollywood.
Lá, estreou com "Rebecca", trabalhando com os astros Laurence Olivier e Joan Fontaine. Foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor, mas acabou perdendo para John Ford. Mas ganhou como Melhor Filme! Começa aqui a perseguição de Hitchcock ao Oscar, que ele injustamente nunca ganhou.
Depois de tal filme, lançou outros como "O Correspondente Estrangeiro", "Um Casal do Barulho" e "A Sombra de Uma Dúvida", um ótimo noir elogiado por todos. "Sabotador", "Quando Fala o Coração" e "Interlúdio" vieram depois, não decepcionando em nada. "Festim Diabólico", um de seus melhores filmes, com James Stewart, demonstrou o enorme talento de Hitch, que apenas se utilizou de um lugar fechado - uma sala - para construir uma obra-prima. Parece não um filme, mas uma peça de teatro.
"Pacto Sinistro" veio em 51 e muitos o consideram como um dos melhores filmes feitos por ele. Em 54, outro clássico hitchckoniano: "Disque M para Matar", estrelando a bela Grace Kelly. No mesmo ano, "Janela Indiscreta", outra vez com James Stewart, um dos maiores clássicos não só de Hitch, mas do cinema em geral. Utilizando-se de poucos recursos - apenas um cenário para os dois edifícios - Hitchcock mostra mais uma vez - como mostrou em "Festim Diabólico" - que se pode fazer um ótimo filme sem exageros, calcando-se mais na elaboração da história, de como ela atingirá o telespectador. E claro, com uma alta dose de suspense e mistério.
"Ladrão de Casaca", a refilmagem de "O Homem Que Sabia Demais" e "O Homem Errado" vieram, respectivamente, em 55, 56 e 57. "Um Corpo Que Cai", para muitos - e para mim - seu maior clássico, veio em 58, em mais um filme com James Stewart, que faz um detetive que se aposenta depois de adquirir vertigem. Nesse filme, Hitchcock simplesmente arrasou e deu uma aula de cinema. Para mim, um dos dez melhores filmes de todos os tempos!
No ano seguinte dirigiu "Intriga Internacional", que para outros, seria sua maior obra-prima. Pra mim, fica em segundo. A história de Roger Thornhill, confundido com um agente do governo por perigosos espiões, conquista desde o primeiro minuto. A cena de perseguição ao personagem de Cary Grant é incrível e absurdamente bem dirigda! Uma das melhores cenas de perseguição de todos os tempos.
Em 1960, vem o filme mais conhecido de sua carreira: "Psicose". Sim, não preciso dizer que possui a cena da mulher sendo morta a facadas. Sim, ela é talvez a cena mais conhecida do cinema mundial. Entretanto, o filme não é só isso. É muito mais! Na minha opinião, ninguém, em 50 anos que se passaram desde o lançamento do filme, fez algo melhor no gênero de terror/suspense do que "Psicose". Talvez Kubrick tenha chegado perto com "O Iluminado", mas não conseguiu superar. Entretanto, não é seu melhor filme, como muitos dizem.
Depois dos três maiores clássicos em três anos seguidos, vem outro petardo: "Os Pássaros", reconhecido como um dos melhores filmes de terror. Nesse filme, Hitchcock descobriu a linda Tippi Hedren, que trabalhou novamente com ele em "Marnie", filme do ano seguinte. Seguiram-se "Cortina Rasgada", "Topázio", "Frenesi" e "Trama Macabra", este em 1976. Hitchcock veio a falecer quatro anos mais tarde. Antes, ainda teve tempo de receber, das mãos da rainha Elizabeth II, a Ordem do Império Britânico, tornando-se Sir Alfred Joseph Hitchcock.
Ao longo de todos esses anos, trabalhou com atores consagradíssimos, como James Stewart, Cary Grant, Laurence Olivier, Joan Fontaine, Ingrid Bergman, Grace Kelly, Jessica Tandy, Sean Connery, Paul Newman, entre outros. Para ele, não importava trabalhar com quem quer que fosse, até porque, "atores eram como gado", para ele. O que lhe interessava eram seus filmes, o fazer dos filmes.
Reconhecido por muitos como o melhor diretor de todos os tempos, consegue agradar tanto o público mais exigente como o menos. Tal fato pouquíssimos conseguiram. Hitch talvez tenha sido o primeiro deles. Mesmo não tendo ganho nenhum Oscar - foi indicado a seis! -, esta duríssima injustiça não mancha sua brilhante carreira. Por sua gordíssima contribuição ao cinema - maior do que sua barriga - Sir Alfred Hitchcock merece todos os aplausos.
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