"A solidão me seguiu a vida toda, em todo lugar. Em bares, carros, calçadas, lojas, em todo lugar. Não há como fugir. Sou o homem solitário de Deus". Travis Bickle
Ele é só. Não consegue dormir. Já fez parte do Corpo de Fuzileiros Navais. Agora, emprega-se como taxista em busca de algo para fazer. Algo que o entretenha. Que traga seu sono. Mesmo assim, o sono não vem. Com isso, é obrigado a assistir filmes pornôs. Esse é Travis Bickle, o anti-heroi de "Taxi Driver". O anti-heroi que se revolta com "as escórias da rua" e tenta fazer algo de bom, algo contra essa escória. Só se vendo o filme para saber se esse dúbio anti-heroi alcançará seu objetivo...
Martin Scorsese dirigiu em 76 um filme mágico, é o que se pode dizer. Como diretor talentosíssimo que é, soube construir um personagem como poucos! Com sua câmera às vezes rápida - em seus travellings abusados - e na maioria das vezes sutil - como em seus closes ou apresentações de lugares - , Scorsese possui uma delicadeza impressionante! Várias cenas são conduzidas com delicadeza incrível! Só alguém tão paciente - e diretor magnífico que é! - para fazer algo assim!
E a trilha sonora!? Foi a última do grande mestre Bernard Hermann. O que dizer de tal trilha? Perfeita! Acompanha praticamente todo o filme, oscilando entre um jazz calmo e sinfonias intensas. Adequada a cada precioso momento do filme, sejam estes calmos ou tensos. Tal trilha mostra que Hermann é com certeza um dos maiores mestres das trilhas cinematográficas! Poucas pessoas como ele conseguiram presentear o público com tanta graciosidade!
Quanto às atuações, deve-se mencionar primeiramente a fantástica e fabulosa performance de Robert de Niro. Com suas variadas facetas, oscilando entre o cínico, sarcástico, insano e perturbado, De Niro é um dos poucos que sabe representar tão bem e tão belamente um personagem, e ainda mais um tão complexo quanto Travis Bickle! Duvido muito que Peter Finch tenha feito algo tão sublime quanto De Niro para ter ganho o Oscar em 77!
Tem-se de relatar também o talento já visível da bela Jodie Foster, que no auge dos seus 14 anos, já demonstrava a graça e beleza que fariam dela, futuramente, a maravilhosa atriz que é. Méritos também para Harvey Keitel, que fez perfeitamente o papel de cafetão. Outra que merece menção é a também bela Cybill Sheperd. Eita loira bonita!! Que olhos! Que rosto!
"Taxi Driver", certamente um dos melhores filmes de todos os tempos, foi indicado a quatro Oscars: Melhor Filme, Ator - para De Niro - , Atriz Coadjuvante - para Foster - e Trilha Sonora. Agora me respondam: ganhou algum? Não, não ganhou ao menos um! Nem indicado ao Oscar de Melhor Diretor o filme foi, o que já é absurdo! E mais, o Oscar de Melhor Filme foi para ninguém mais ninguém menos do que "Rocky - Um Lutador". Difícil de acreditar? Sim, mas aconteceu! Uma das maiores injustiças cometidas pela Academia - a maior, junto com "Psicose" e "Laranja Mecânica" -, que, conservadora por natureza, prefere premiar filmes que exaltem o espírito americano através de um esportista, do que o outro, que é violento, que tem sangue, e acima de tudo, fantasticamente técnico e agressivo!
Injustiças à parte - que não podem deixar de serem citadas -, "Taxi Driver" é uma junção de direção perfeita de um diretor magnífico; performances memoráveis, como a do enigmático Tavis Bickle; roteiro fantástico, revolucionário e ousado; e a já citada encantadora trilha sonora. Tudo isso faz de "Taxi Driver" a obra-prima que é! Tal filme é o que merece ser: perfeito! Mais perfeito, impossível.
(O Gênio por trás da obra-prima)
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