terça-feira, 28 de junho de 2011

Asneiras religiosas


Hoje foi o dia das asneiras de gente religiosa. Começou bem cedo, antes das oito, quando li a chamada da tal de Miriam Rios no "O Dia": "Eu tenho direito de não querer um homossexual como meu empregado". Bem, aquilo ficou na minha cabeça, pois eu conhecia aquela mulher e queria saber mais a fundo o que ela disse. E a coisa só piorou. Pra completar, ela ainda disse:

“Por exemplo, digamos que eu tenha duas meninas em casa e a minha babá é lésbica. Se a minha orientação sexual for contrária e eu quiser demiti-la, eu não posso. O direito que a babá tem de querer ser lésbica, é o mesmo que eu tenho de não querer ela na minha casa. São os mesmos direitos. Eu vou ter que manter a babá em casa e sabe Deus até se ela não vai cometer pedofilia contra elas [as crianças], e eu não vou poder fazer nada”

E agora digo: o que o cú tem a ver com as calças?! Quer dizer que só as lésbicas são pedófilas? Uma hetero não pode muito bem abusar ou mesmo bater em suas filhas?

Não satisfeita, ela continua: "Se eu contrato um motorista homossexual, e ele tentar, de uma maneira ou outra, bolinar meu filho, eu não posso demiti-lo. Eu quero a lei para demitir sim, para mostrar que minha orientação sexual é outra”, comentou. “Eu queria que meus filhos crescessem pensando em namorar uma menina para perpetuar a espécie”. Novamente, o que isso tem a ver? Se você conseguir provar que um homo ou um hetero bolinou os seus filhos, este pode ser preso. Não tem essa se ele é hetero ou homo; isso é puro preconceito. Percebam como ela sempre liga o termo "homossexual" à "bolinar", "pedofilia". Em nenhum momento ela disse que um hetero poderia fazer isso. É aquela antiga imagem que temos em mente de que os homossexuais são pessoas que "corrompem" a pura e casta moralidade dos bons cidadãos. Não preciso nem dizer a que lugar a senhora deve ir, né?

Depois, vejo um deputado de São Paulo apresentar um projeto em que "aprovado, obriga as escolas públicas a ostentar o crucifixo em lugar de "fácil visualização", na área de circulação de estudantes". Mas que diabos é isso? Querer enfiar religião goela abaixo?! E tem mais! Ainda segundo ele, "tal símbolo representa a moralidade do povo brasileiro", a qual, segundo ele, "vem sofrendo corrosão". É de uma tremenda canalhice e cara-de-pau que chega a impressionar! Entretanto, o digníssimo senhor deputado teve a elegância de dizer que defende "o Estado laico e a diversidade religiosa, argumentando que uma sociedade moderna deve tolerar “até mesmo o ateísmo”. Vejam bem, ATÉ o ateísmo!!! Ou seja, enfiou, e depois de arrombar, quis passar vaselina - se me permitem a comparação infame.

Para completar a asneira toda - como se bastasse tanta para um dia só - o excelentíssimo prefeito do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, quer implementar o ensino religioso para todas as escolas municipais do Estado.

Pra começar, os gastos. Seriam precisos contratar "600 novos professores, o que deve causar um impacto orçamentário anual de aproximadamente R$ 12 milhões". Pelo visto, o Estado do Rio deve estar nadando em dinheiro e nós não percebemos, né?

Na mesma reportagem, descubro que esta porcaria de ensino religioso está previsto na Carta Magna e "conta com o respaldo do artigo 33 da lei 9.394 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional".

Sinceramente, eu não sei o que se passa na cabeça de pessoas como as do prefeito do Rio. Qualquer débil mental - só se ele e muitos religiosos estiverem abaixo dos débeis mentais, o que não me impressionaria - sabe que, ensinando ensino religioso na escola, este será conduzido para o cristianismo, essencialmente, para o catolicismo. Acontece que, mesmo que este país seja o mais católico do mundo - que belo título, né - , isso não significa que só há católicos na sala de aula! Há espíritas, evangélicos - e suas ramificações -, umbandistas, Testemunhas de Jeová, e, é claro, ateus. Por que esses têm de engolir a baboseira, digo, o conteúdo católico-cristão? É de um absurdo tão grande só chegar a se considerar isso, quanto mais pensar em se fazer uma lei que aprove esta asneira.

As escolas estaduais já são obrigadas a isso. Eu tive na sexta série; ainda bem que não tive mais. Mas como se trata de Brasil, isso não me surpreende. É até normal. Aqui não existe nem nunca existiu Estado Laico. E ainda querem apontar o seu grande dedo indicador para os EUA. Não se esquecem que tem mais três apontando para si mesmos - que me perdoem o clichê.

Isso é mais uma prova de como a religião não tem respeito por nada, por opinião nenhuma. Ela quer se impor, como se impunha antigamente. Mas ela não tem o mesmo poder que tinha antes. A igreja já passou do tempo de sentar o seu rabo e sossegar.

P.S. Pesquisadores da UFRJ e PUC ainda tiveram a audácia de dizer que: "o ensino religioso tem sido evocado como um mecanismo de controle individual e social supostamente capaz de acalmar os indisciplinados, de conter o uso de drogas, de evitar a gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis”. Para um país de Terceiro Mundo e Subdesenvolvido, é aceitável que essa seja a única solução.

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