domingo, 26 de junho de 2011

Perdidos na Noite

Sabe-se que nos Anos 60 o cinema americano, o grande "dominante" do cinema mundial, estava em baixa. Continuava-se a fazer bons filmes, mas estes já estavam meio que "cansados", ou melhor, ultrapassados. No final dessa década, entre 1967 e 69, surgiram filmes com um enfoque diferente, tais como "A Primeira Noite de um Homem", "Bonnie e Clyde", "Easy Rider" e "Perdidos na Noite', o que mostrava o começo de uma revitalização do cinemão americano. E é desde último que vou falar.

"Mindnight Cowboy", de 1969, é considerado por muitos o verdadeiro divisor de águas do cinema americano. Ambietado em sua maior parte nas ruas de Nova York, o filme conta a história de Joe Bucker - interpretado por Jon Voight - um caipira ingênuo que sai de uma cidade do meio do nada no Texas e parte para Nova York tentar a vida como garoto de programa. Lá, encontra o malandro Ratso - interpretado por Dustin Hoffman -, ou melhor, Enrico Salvatore Rizzo, como faz questão de dizer a plenos pulmões. Ratso é um pobretão, coxo, que vive de pequenos roubos para sobreviver.

Após passar a perna no pobre Joe, ambos se reencontram se tornam amigos, vivendo juntos e tentando sobreviver, a duras penas, a realidade crua e excludente da vida. É uma história de perdedores; das suas alegrias e tristezas; suas pequenas vitórias e desiluções. É um filme duro, pesado, mas que mesmo assim tem espaço para se dar boas risadas.

Durante toda a película, fica no ar um sentimento de angústia. Dá pena só de olhar a forma como Ratso anda, e como suas pernas e saúde só pioram. Também dá pena ver as tentativas de Joe, atormentado pelo seu passado obscuro, de vender seu corpo, a gays ou a senhoras, para conseguir pelo menos o que comer. E no meio de todo esse sofrimento, o mais importante é ver nascer uma bela e inesperada amizade, a contar pelas diferenças dos dois.

Com uma direção primorosa de John Schlesinger, e um roteiro fascinante de Waldo Salt - baseado no livro de mesmo nome - "Perdidos na Noite" é um filme revolucionário. É impressionante que Hollywood tenha liberado-o, mas o que interessa é que ele veio mostrar que uma nova leva de diretores estava vindo. E com eles, filmes excelentes, realistas e primorosos.

Jon Voight e Dustin Hoffman têm atuações fabulosas; Voight na pele do caipira ingênuo e Hoffman, encarnando de forma perfeita o malandro e sofredor Ratso. Ambos são perdedores, pobres e sem perspetiva de vida. E é nesse ambiente pesado que os dois mostram que a vida, dura como ela é, deve ser encarada. Nem que seja preciso roubar tomates ou vender o próprio corpo.

P.S. Aos que tacham o filme de "datado", por favor, vão dormir! Filmes como este não devem ser assistido por pessoas como vocês.

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