segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sade está rindo em seu túmulo

Durante muitos anos, ao se anunciar o nome do livro "O Amante de Lady Chatterley", nos Anos 20, as pessoas fechavam suas caras. Era um livro amoral, pornográfico; não recomendado para pessoas de bem. Passou-se mais ou menos quarenta anos e o livro finalmente foi publicado. A duras penas, mas o foi. E, como era de se esperar, o sucesso foi imediato.

Esse grande livro de D.H. Lawrence não se vale apenas de sua escrita arrojado, com palavras nunca ditas antes em livros de literatura - tais como "gozo", "rabo", "penetração". Ele é mais do que isso. Ninguém nunca tratou o amor de forma tão íntima como Lawrence o fez em seu livro.

"O Amante de Lady Chatterley" conta a história, obviamente, de Lady Chatterley, uma jovem casada com um rapaz que se tornara paralisado da cintura para baixo por causa de ferimentos da guerra. Com isso, nunca mais pode ter relações sexuais com sua mulher ou com quem quer que fosse. Ardente de
desejo, ela o satisfaz com Michaelis, seu primeiro amante. Entretanto, insatisfeita com ele, ela se fecha completamente. Até que conhece Oliver Mellors, o guarda-caça de seu marido, e as coisas mudam drasticamente.

Lawrence mantém a força de sua narrativa desde a primeira página, em momento algum se tornando chata. Alguns diálogos são evasivos, mas o objetivo dele, a meu ver, era mostrar como a alta sociedade intelectual era hipócrita, perdendo-se em conversas que não dariam em nada.

A escrita de Lawrence parece às vezes bem feminina, ao revelar pensamentos tão íntimos de uma mulher. Além disso,
ele incrementa a relação entre os amantes com diálogos muitas vezes picantes e provocadores.

D.H. Lawrence, assim como o Ma
rquês de Sade, estava além de seu tempo. Ambos escreviam de forma arrojada e abusiva, dando os "nomes aos bois", sem medo de represálias. Mesmo que fossem condenados por décadas - e até hoje devam ser - seus livros são legítimas provas de que a literatura não é lugar para limitações. Uma obra prima não só pornográfica e sensual, mas, acima de tudo, uma obra prima da liberda
de. Da liberdade de criação!

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