segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O surrealismo de Buñuel em 16 minutos


"Ich bin immer noch atheist, gott sei dank", Luis Buñuel. *

Acabei de rever um clássico do cinema mundial. Muitos podem me considerar louco por dar a alcunha de clássico a um filme de apenas 16 minutos. Entretanto, poucos filmes expressaram em duas horas o que "O Cão Andaluz", do espanhol Luis Buñuel, conseguiu.


Não há roteiro, nem história, ou ao menos coesão ou coerência no filme. As sequências não fazem o menor sentido! Não há nexo, nem sentido nos 16 minutos em que a película roda na tela. Como gostar de um filme assim, se é que pode ser chamado de filme, por causa da duração?


Sim, eu o considero como filme, e ainda mais, como uma obra-prima do cinema. Um filme não precisa fazer sentido, não precisa contar uma história virtuosa ou coisa parecida. Se o intento de Buñuel era mostrar que o cinema poderia ser feito de uma forma, digamos, mais "anárquica" e nonsense, ele conseguiu.


"O Cão Andaluz" é uma mistura de sonhos, pensamentos, uma festa de absurdos e cenas sem sentido. É o começo de uma obra histórica e importantíssima na história do cinema. Buñuel, a partir desse filme, mostrou para o que viera. Viera para mostrar o absurdo. Viera para mostrar o anárquico. Viera para mostrar a blasfêmia contra Deus ou organização religiosa que o valha. Sim, sou fã confesso de Luis Buñuel e gostei bastante de todas as obras que vi dele até agora. Para ver

"O Cão Andaluz", deve-se ter em mente uma coisa antes de tudo: ele foi feito para não ser entendido, apenas assistido. Tendo-se aficcionado isso, só nos resta assistir. E viajar, junto com Buñuel e Dalí, pelos recantos do surrealismo.


* "Eu ainda sou ateu, graças a Deus".

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