quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Está surgindo um novo fã de Quentin Tarantino

Sou mesmo propenso a gostar do cinema de Tarantino. Seus filmes, violentos e sanguinários por natureza, fora o deboche costumeiro, me chamam muito a atenção pelo fato de se criar um jeito diferente de se fazer cinema. E fazer um "cinema diferente" é o que se precisa hoje, em meio a tanta porcaria!

"À Prova de Morte" não é dos melhores filmes dele. E o fato de não ser um dos melhores dele não retira a alcunha de ser um filme muito bom - e violento, por sinal. O filme conta a história de quatro garotas que saem para se divertir. Enquanto andam de carro e param em diferentes lugares, vão conversando sobre coisas banais como um amasso que uma delas teve outro dia e uma paixão que a outra tem por um homem que não gosta dela da mesma maneira. Até aí tudo calmo. Entretanto, há um homem que as persegue. Saber o que ele quer, isso só vai descobrir quem ver o filme.

Em algumas partes do filme, Tarantino exagera nos diálogos, o que pode cansar o espectador. Entrementes, tais diálogos são muito interessantes e engraçados, o que, visto dessa forma, serve de incremento ao filme. Só achei que em algumas partes ele se alongou demais.

Sua câmera, como sempre, continua inquieta e ousada, com ângulos e tomadas que não se esperam fazer - como logo no começo, onde ele filma os pés de uma das quatro em frente ao vidro.
Sobre as atuações, tenho a dizer que Tarantino sabe escolher um elenco de mulheres bonitas como ninguém! É uma mistura de loiras, morenas, mulatas de deixar o sujeito maluco!; todas perfeitas! Fora a participação de Kurt Russel, figurinha sempre presente em filmes do grande Carpenter, e que fez o papel do cara que segue as garotas. Demorei até um pouco para reconhecê-lo, visto que os filmes que vi dele eram dos anos 80.
"À Prova de Morte" é tenso, sensual, engraçado, violento, recheado de palavrões; e o que interessa, um ótimo filme, o que é clichê quando se trata de Quentin Tarantino. A cada filme dele que vejo, me torno mais seu fã. Como sua videografia é pequena, pretendo ver todos, o que não será difícil. E que venha o próxima, e que seja tão bom quanto esse!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O melhor álbum do rock brasileiro



Sempre ouvi falar que antigamente os Titãs soavam mais pesado. Não havia ouvido muita coisa de antigamente, apenas músicas como "Família", "Sonífera Ilha", "Televisão" e por aí vai. Sendo essas meio que puxadas para o lado do pop rock, desconfiava um pouco desse "peso" que tanto falavam. Acontece que músicas como "Polícia" me davam alguma desconfiança de que os Titãs soram pesados algum dia...

"Cabeça Dinossauro", o álbum que falarei em questão, não é de todo pesado. Claro, tem suas composições punk, como a já falada "Polícia". E punk, punk mesmo só essa música. Esse "peso" o qual falo foi a "nova sonoridade" que eles buscaram depois de "Televisão"; algo mais cru, mais direto, digamos "escatalógico". E é isso o que se vê em suas letras e composições. Músicas nada complicadas, pelo contrário, simples, com letras diretas, escrachadas, debochadas.

Vê-se esse "deboche" desde a primeira, "Cabeça Dinossauro", que se compõe apenas de três expressões: "Cabeça Dinossauro/Pança de Mamute/Espírito de Porco". A música só tem isso, mais a base musical!!! Logo após vem "AA UU", que fala sobre a mecanicidade diária a que somos bombardeados: comer/dormir/pensar/falar"; é de enlouquecer mesmo, a ponto de gritarmos coisas sem sentido como "AA U
U"!!! "Igreja" é a próxima, e pra mim, é uma das melhores composições dos Titãs. Seja essa talvez a letra mais forte, mais direta, que tenha se dirigida a uma instituição do Estado. "Eu não gosto de padre/Eu não gosto de madre/Eu não gosto de frei.... Eu não gosto do papa/Eu não creio na graça/Do milagre de Deus". Alguém já escreveu coisa mais ateísta do que essa? É engraçado que quando se canta a parte "Não gosto", percebe-se a revolta na voz, como se dissessem: "Eu não quero essa merda, eu não gosto disso"!!!

Depois desse "hino ateísta" vem "Polícia", uma das mais conhecidas músicas dos titânicos e que todos os roqueiros das antigas pedem desesperadamente em seus shows, para que se formem as rodas punks. Essa é mesmo uma composição bem
punk, remetendo aos Ramones ou mesmo ao Dead Kennedys - que já pertence ao hardcore. Com versos simples e revoltosos, ataca outra instituição, dessa vez a polícia, falando que dela só precisa dela quem quer. Tal música deve ter sido feita após a revolta de Belotto e Antunes, presos no ano anterior por porte de heroína.

"Estado Violência", outra ótima composição, mais ritmada e menos "punkeada" vem a seguir. É uma das letras que mais me agradou, e também uma das melhores composições dos Titãs. Pen
a não ser tão conhecida. "A Face do Destruidor", uma música de apenas 34 segundos, se mostra pesada, muito pesada para a os moldes dos Titãs. Remonta até um pouco o trash metal. Não consigo entender muita coisa da letra, pois se fala muito rápido, além do som ter sido colocado ao contrário. "Porrada" segue o álbum, com uma letra muito debochada, que diz mais ou menos que os que não pertencem às "associações da sociedade" - tais como uma faculdade de Direito, ou até mesmo uma torcida organizada - merecem porrada. Continua o deboche e o escracho que norteou tal álbum.

"Tô cansado" é outra composição meio que "largada", sem comp
romisso, onde simplesmente se fala que se está cansado das coisas. "Bichos Escrotos" é a próxima, e penso que dela não preciso falar muita coisa. É um dos "clássicos titânicos" e desde criança c
onheço essa música. Também é uma letra bem direta, rebelde, em direção aos políticos e com u
m som mais "funkeado". "Família", a próxima, é um reggae, po
r incrível que pareça, o que mostra a junção de ritmos em que os Titãs permearam o álbu
m, não apenas direcionando-o para um lado mais pesado, mas também para composições mais alternativas e calmas. O mesmo ocorre com "Homem Primata", que com uma letra muito forte, traz um Titãs mais leve e ritmado. "Dívidas" e "O Quê" fe
cham o álbum, histórico na história do rock brasileiro. Essa última, uma música praticamente eletrônica, mostra a tendência que eles seguiriam a partir do próximo álbum.

Polêmicas à parte, "Cabeça Dinossauro", pra mim, é o melhor álbum da história da música nacional. Muito bem produzido, muito bem mesclado de ritmos - do punk ao reggae, passando pelo eletrônico - com letras fortes, diretas e rebeldes, que atacam desde a Igreja às classes altas, passando pela polícia, os Titãs construíram algo que é para ser lem
brado durante toda a vida de qualquer roqueiro que se preze e goste de rock nacional. Agora, para quem ouve músicas como "Enquanto houver sol" e "Isso", precisa saber que os Titãs, um dia, não foram tão "gays" como o são hoje.